rá um livro policial (leia capítulo ) e não queremos que fique incógnito o autor dado à estampa, o nome que aparece na capa: Assim Mesmo.
1 - Meu caro,
Gosto em reencontrar o meu amigo, camarada de letras.
Vamos então fazer, caso queira, um intercâmbio do que entendermos estender como ponte a atravessar a distância física.
Entender, estender; este é o ponto chave da relação com as letras que continuo a manter, tentar ouvi-las no sentido de as sentir nos seus múltiplos sentidos.
Hoje não penso escrever muito, fico satisfeito sufi_cientemente (como um sufi) por nosso reencontro.
Vou reenviar de seguida um email que hoje recebi e espero interesse, escreve dizendo o que te aprouver sobre o assunto.
Vem esse email da parte dos organizadores de um evento literário, não ligo nada a estes desafios mas, desta vez, escrevi e vou enviar uma participação.
Escrevo sobre este assunto por vários motivos, um deles corresponder ao teu desejo de saber de mim. Escrevi um conto que me tem como personagem, acho que fala dum processo natural como é o envelhecimento. Já sou sexagenário há cinco anos, de um modo natural o tema torna-se atual.
Fica prometido enviar-te esse conto.
Vou-me despedir fazendo a mim mesmo um desafio que me levará a conhecer-te melhor como autor, a cada email nosso procurarei fazer um comentário a um texto que tenhas publicado, de forma organizada, procurando de forma dia_crónica seguir a tua publicação no Recanto das Letras.
Começando:
1832 textos publicados, reza a contabilidade do site, navego até ao primeiro deles:
Águas do passado!
Saídos das águas do passado, Somos espectros dum por vir... Somos esboço de um Deus moço, Que nos fez surgir! Saídos das cinzas do passado, Qual fênix das chamas saída, Estamos aqui! Mãe e filho, A querer existir... Ao abrir os olhos d’alma, Ao ver toda a beleza, Toda a agudeza, Dessa fênix surgida, em nós, Consciente de existir...
Águas do passado! (recantodasletras.com.br) Aportamos a uma publicação de 2005, ocorrida no próximo mês de Agosto, fará este ano 15 anos. Terias 36 anos quando publicaste, terás escrito no dia em que fizeste a publicação? Poderás tentar responder a esta pergunta, acabaremos a conhecer melhor o autor? Quanto à minha leitura do poema, vamos a esse desafio. Há algo de "barroco" no teu gosto exuberante por te expores aos sentidos e significados que encontras e procuras libertar quando adentras no uso literário das letras. Nem vou dizer mais nada, gostaste? Para quem disse que ia escrever pouco, estava a tomar-lhe o gosto. Uma boa noite e até amanhã, abraço. Jesus Cristo
2 - Caro amigo...
O "barroco" é um género que, como todos os géneros, corresponde a um
gosto, a uma época, a uma maneira de ver o mundo... está muito presente na época dos descobrimentos dos portugueses, o gosto pelos motivos náuticos, elementos fantásticos, criaturas imaginárias, monstros, ondas, movimento, força, energia. Muitos, vários, múltiplos, imensos aspetos confluem, só podia convocar e ter a tua atenção. Levando-nos ao fundo da questão, a perceção como acontece e ao que nos leva!? A tudo e a nada, é relevante, reveladora, importante ou desfaz-se como uma construção de areia, uma ideia? Deves ter pensado, onde foi buscar o "barroco"? Como vês, pela minha abordagem atual, a ideia parece e é um tanto vaga. O que nos leva ao essencial, espero eu. A essência, o essencial, no gosto de ler e tentar compreender seja o que for, de uma vibração musical ao contorno esbatido num desenho, é a capacidade da leitura nos levar ao texto. Entrar no código duma língua, sim, pode e deve ser algo de maravilhoso mas é também algo pragmático, primário ao nível da identificação. Agora cheguei ao ponto de poder sentir estar a entrar na conversa de chacha, o que me leva a voltar às coisas sérias. Sendo que uma "coisa séria" terei respondido, mesmo sem a ideia de na minha resposta algo estar concluído. Em relação ao contacto ele nasceu de perguntares por mim à amiga..., alguém de quem gosto muito mas estará na sua vida de avó e não atualizo o gosto de saber como vai há muito tempo. Porquê? Aqui, como na perceção de outra coisa qualquer, há um mundo de motivos que, se prendem, também se desprendem. Viver de forma desprendida, desinteressada mesmo, não é algo interessante mas, às vezes, corresponde ao prazer de nos estendermos na praia a ouvir o mar olhando o céu sem aí haver uma nuvem, um pássaro... Li e respondi a duas perguntas, tem mais, deve ter; já irei ver. Agora vou tentar continuar a ler, tentar conhecer teu percurso no Recanto: O beijo... O momento é mágico,
parece que fogos partem de nossos olhos!
Chamas nos avermelham as faces!
Nosso olhar parece turvar-se...
E o mundo perde a cada instante o sentido!
O que nos rodeia,
rodopiando vai se desvanecendo...
Se houvessem distâncias entre nós,
em meio á magia deste instante vão-se desfazendo!
Parece que estamos tecendo uma outra história!
A hora, a hora...
Agora é tempo de entregas...
Não há tempo para mais nada!
O brilho de seus olhos, ofuscando os meus...
A sua respiração, respirando a minha!
A tua boca, tão quente...Teus/Meus lábios...
A tua língua que me devora,
a minha que te explora em mim!
«a minha que te explora em mim!» este virar para si mesmo e explorar os sentidos e o sentimento voltando a um momento, deu um poema, um quadro completo repleto de tudo o que o poeta deu de si para nos dar a vivência do que é "O beijo..." no poema que nos dá a ler. Mas, seria bom sentir, imaginar, o poema declamado sem arroubos, dito: «o momento é mágico»...
Calculo que hoje não ficarás com nenhuma pergunta, nem te interrogarás: - O que terá querido dizer?
Não quis dizer... disse. E, pensemos, há sempre a possibilidade de encontrar uma pergunta, ter uma interrogação, um porquê. Porque essa é a natureza da razão, o questionar permanente.
Minha vez de fazer uma pergunta, recebeste o email que reenviei? Falando desse email fará todo o sentido voltar ao conto prometido, o que escrevi e mandei para o desafio literário contido no email que te reenviei.
«Fiquei a imaginar qual faceta "Barroca" meu trabalho deitou sobre os teus olhos...»
Irei com certeza responder a esta interrogação, não hoje, não agora.
Sempre fiquei com a intensão de poder agradecer melhor o teu interesse posto no trabalho de ler e escrever sobre "Ereto falo", deixo o sublinhado dessa intenção antiga.
Até amanhã, abraço.
Nota, gostei do final: «E assim, instaura-se o mistério da escrita, e por consequência o da leitura, o quê virá na próxima página?»
A flor despindo-se,
por detrás da bruma,
traz consigo o perfume que embriaga,
o amor que marca e que cala fundo!
E uma tragédia não tarda,
pois a flor é etéria,,
imagem que um olhar venera,
Mas ao toque se transforma
desvanecendo ao passar das horas,
deixando ilusões e lágrimas!
09/01/85
O tempo da escrita é pessoal, tendencialmente transmissível.
Quando uma frase se concretiza, pode ou não continuar. A sua continuação mantém-nos no tempo, no mesmo momento.
Podemos fazer filmes, encenar diálogos, entregar-nos a aventuras desbragadas, sem bragas (argola de ferro que prendia a grilheta à perna do forçado; calças curtas, calções; etc.). Desbragada é palavra ainda usada quando as bragas estão esquecidas como expressão de uso corrente, a língua evolui com modos e usos que se vão alterando.
Nunca fará sentido para um autor dizer que nos aproveitamos da sua obra, a não ser que ele perceba que toda a criação é uma recriação, uma brincadeira. Coisa que, a maioria dos autores está muito longe de aceitar, quanto mais disposto a compreender.
Assim sendo, volto à ideia de ser leitor de uma obra que tentarei ir revelando. O que a minha amiga descobriu é que eu sou capaz de descobrir géneros novos, diferentes modos de me exprimir; coisa fácil quando a obra é de outro. Fico-me por guionista ou roteirista, realizador :)
Continuemos a revelar esse autor identificado no início 1,2, 3. No fim voltaremos aí e não será uma descoberta, será revelação.
O fato que era uma foto, exigia revelação. Agora é diferente, o processo de digitalização não é químico. Isto que dê que pensar, a quem se quiser expor a um processo – alheio ao mistério?
Para revelar um autor temos de prosseguir, seguir um processo talvez alquímico, seguir a química da alma.
Caro amigo,
Continuando a ler-te.
Meu anjo amigo!
Não sei exatamente de onde eu vim.
Imagino que deve ter sido
de lá dos confins...
Você sabe da minha procedência,
e eu apenas tenho minha crença...
Vim de algum lugar
com um propósito
para nesta terra executar.
Me abraça meu Anjo!
Muitas vezes você me sopra aos ouvidos
e surdo se faz o meu escutar...
Quero ouvir todos os seus acordes.
Me acode?
Me abraça meu Anjo,
toca em meu ombro.
Me ampare sempre que perceber
que corro risco de levar um tombo.
No cair de minhas lágrimas,
empresta teu manto
pra enxugar meu pranto?
Quando de meu percurso reto desviar,
me chame,
me faça ver o seu apontar?
Meu anjo!
Me abraça, a cada vez que eu sentir
que a vida passa sem graça...
Com este amor tão louco,
que suplanta as limitações de nossos corpos,
as limitações de distâncias e tempo...
Como é bom amar assim...
Um amor imoredouro?...
Sim...
01/03/2006
Ao deixar ficar a data dos poemas, há uma relativação... Gosta da ideia? A palavra não existe, crio-a como se pudesse ser em crioulo :) Nossa língua, gosto de escrever Língua para dar ênfase, distinguindo-a bem do órgão com que a articulamos para a poder falar, é de muitas latitudes. Perguntar-se-á, porque não relativização? Relativação, mais breve, mais direta, mais... a possibilidade de dissertar sobre a relação com a língua na fala, na escrita, na deriva dos sentidos, na sensação de “as ter” às palavras. Como as mães tem os filhos, assim o escritor se aproxima, procurando o corpo...
Copiei seu poema, tenho-o ainda por ler; vamos à leitura.
Pode passar uma vida, em qualquer outra vida, seu poema pode voltar a colher seu fruto: (a) poesia.
Você podia não ter a ideia de dizer seu amor como imorredouro (tens de corrigir), descobriu uma boa maneira de acabar! Deixou uma pergunta [eu não incluiria o “Sim...” final]? Toda a gente vai querer ler nela a afirmação, mas não jogada fora... antes contida, sentida, deixando lugar à dúvida? Duvido.
Sabe meu amigo, eu escreveria um romance a partir de qualquer poema, não o quero fazer. Deixemos a necessidade de o leitor sentir necessidade de ler o poema, uma, muitas vezes, até chegar à ideia de que o começa a conhecer. Há quem se satisfaça com coisa tão simples como o óbvio “um poema de amor”, estou longe de conseguir satisfazer-me com o óbvio (tanta vez nos conduz ao engano, mesmo não sendo o caso neste caso).
Há muitos tipos de amor, de que tipo é este?
Meu caro,
No final, quando lhe pedir para fazer uma apresentação desta minha leitura de seus primeiros 100 textos recantuais, mesmo que imagine estar a fazer essa apresentação só para nós, não se esqueça de ser factual e dizer que mantemos os originais com as “imprecisões” da, na sua publicação. Aí poderá acertar contas com qualquer correção errada da minha parte, por exemplo. Uma coisa não esqueço e ambos sabemos, você é brasileiro, há diferenças no uso da nossa língua.
Vou fazer uma surpresa à minha “leitora externa”, tornando-a parte integrante de nossa correspondência literária. Ela ontem mandou um conto que alguém lhe pode ter contado, certo é ter sido seu o registo escrito por ela.
Não não vou ser assim tão simples, se quiser tem de pedir :)
Quem sabe – lhe mandarei como anexo? Veremos, tempo verbal no Futuro.
veremos
1ª pess. pl. fut. ind. de ver
"veremos", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/veremos [consultado em 27-07-2021].
Vou trocar, dou-lhe a ler um pouco de prosa prosaica, é pessoal:
«Então aqui estou eu escrevendo ao amigo, por quem sinto legitimo carinho e imagino ele sentado diante da TV desligada, recostado em seu sofá. Imagino como deve ser morar em uma ilha onde existe uma boa estrutura na qualidade de vida, além de ser um dos lugares mais bonitos do mundo. Imagino também como deve ser o magistério em um lugar assim... devem ser alunos bem disciplinados, que acatam a autoridade do mestre. Todos devem ter moradia, inexistindo população de rua... as pessoas devem ser meio caladas, pois assim são as pessoas mais educadas. Curiosamente aí deve ser um pedaço do paraíso na terra, claro que devem ter problemas pois a condição humana traz essa possibilidade sempre, será que são parecidos com os nossos?» Acho que a maioria dos problemas são sempre iguais, muitos, a maioria, passionais.
8 - CHOQUE DE REALIDADE:
A realidade é choque tremendo: ter medo!?
Pois é, meu mundo, virou de cabeça para baixo!!!
!! os braços, a cabeça!, ajoelho e rezo!!! cabeça e braços assentes no chão, rezo. Eu que não rezo, tenho de confessar (levantar a cabeça)! Onde tinha a cabeça?
Pensei que conhecer um autor, um outro, podia ser um livro seu, procurar um seu blog, visitar um lugar onde lemos, observamos, experenciamos... sendo “senhores da situação”.
Só mesmo na nossa imaginação, talvez lidando com um livro a realidade possa ser parecida com algo que somos nós que criamos? Recriamo-nos com uma obra, criando a nossa própria obra?
Bom, posso-vos dizer, caro leitor(es) a realidade é algo incomparavelmente diferente!
De um momento para o outro, o que era passou a ser... outra coisa diferente?
Pois é, eu escrevi, falei numa correspondência, é impossível. É impossível correspondermo-nos com um autor e sermos nós autores da conversa. Uma conversa não versa sobre o que nós pensamos, versa exatamente sobre o que “nós” pensamos. E, este “nós”, já não somos nós, é mais o outro?
Hoje já não há um “8” a seguir a um “7”. Sim, pode haver um “8”, será diferente.
Vamos então à minha confissão.
Eu tinha pensado conversar com a “obra” de um autor, algo que ele vai fazendo e deixa feita. Em qualquer lugar, um livro que escreveu ou noutro recanto onde publicou.
Estava pensando homenagear um sítio onde me publiquei, o Recanto das Letras. Um site onde somos convidados a alugar, pagar um espaço (também pode ser gratuito), dispondo desse espaço para comunicar com os outros.
Eu iria a esse “Recanto das Letras”, escolheria um autor e pronto, começaria a corresponder-me com a sua obra. Falar com algo morto, acabado, feito?
A minha ideia, temos de concluir sem cerimónias, era utópica. Embora possível, exequível, factível... tudo que se queira dizer sobre uma ideia que expus e não me pareceu má e não seria má, se fosse verdadeira.
O caro leitor está agora a interrogar-se, porque não há-de a ideia de ser viável? Porque ela não é um objeto como um livro que pudemos ler para a frente, para trás, ao calhas...
Tive de entrar em contacto com o autor, o outro, o autor da obra que eu queria conhecer. Para o conhecer, deixo de ser eu? Isto é quase verdade! Conhecer outra pessoa, pode-nos tornar outra(s) pessoa(s).
É este o choque de realidade do meu título! E agora?
Agora, o caro leitor, quer saber:
Que ideia estás a ter agora Francisco?
Para ter uma nova ideia, vou ter de fazer um “retiro espiritual”, tornar-me monge num mosteiro...
Vou sair da minha ideia e tentar ter uma ideia que me conduza ao apaziguamento, à verdade e à Paz!
Ah, explorar o meu lado místico! Será?
Pois bem... vou, de algum modo, ter que fazer uma grande inflexão na “minha história” e ela deixará de ser minha?
Como posso escrever sobre um autor, mantendo-o como hipotético e ele ser uma pessoa real? A hipótese não cola! Das duas uma, ou o autor é uma criação nossa ou somos obrigados a?...
Pois, caro leitor, faça o favor, tente ajudar-me, que ideia se pode fazer do que fazer se o autor for real? Como o manter como – hipótese ficcional?
Da parte desse autor, por ventura, não haveria nenhum problema, sentado de poltrona ele acompanha o evoluir da escrita de quem sobre a sua obra disse ir escrever, coisa simples. Será, seria? Também não é, nem nunca seria ou talvez fosse.
Imaginemos um autor perante quem surge um realizador e diz: – Gostaria de ter a sua autorização para fazer um filme a partir da sua obra X.
A reação do autor poderia ser esta: – Dou-lhe autorização e toda a liberdade, até assino algum papel se está a pensar fazer um contrato? Uma coisa é certa, não quero saber se se vai afastar muito ou pouco da obra, o filme será seu, o livro é meu, o que fizer dele, é consigo. Só quero que voltemos a falar, se for para a frente, falamos quando me quiser mostrar o filme.
Este diálogo é possível? Claro que é, no campo das ideias, todas as ideias são possíveis.
Uma coisa é certa, a minha ideia virou de cabeça para baixo! Este é o meu “8” e o “9” já o escrevi, vou incluí-lo como se fosse um anexo?
Não, não será um anexo, será um novo nexo; já faz parte da nova ideia que vou ter de ter.
9 - INVENTÁRIO:
A Língua está cheia de palavras misteriosas, esta é uma delas. Parece fácil, simples, direta, porta para o imaginário.
Vamos pedir colaboração Priberam. «in·ven·tá·ri·o
(latim medieval inventarium, -ii)
nome masculino
1. Relação dos bens, móveis e imóveis, de alguém.
2. Descrição minuciosa.
3. Menção ou enumeração de coisas. = LISTA, ROL
4. Descrição dos bens activos e passivos de uma empresa ou sociedade comercial.
Palavras relacionadas:
inventarial, inventariar, arrolar, arrolamento, predefunto, ementário, tombamento.
"inventário", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/invent%C3%A1rio [consultado em 27-07-2021].
»
Antes de deitar li, na diagonal, teu email.
«proponho que continuemos a tessitura de nossos bordados de pensamentos»
tes·si·tu·ra
(italiano tessitura)
nome feminino
1. [Música] Disposição das notas musicais para se acomodarem a certa voz ou instrumento.
2. [Figurado] Contextura; organização.
Palavras relacionadas:
"tessitura", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/tessitura [consultado em 27-07-2021].
Quem gosta de ler, deve ter por Bíblia os dicionários, consultá-los, usá-los, até sentir ter uma familiaridade com a sua matéria capaz de se comprazer com o prazer de quem julga conhecer o sabor de um fruto exótico só pela sua forma?
Vamos ao inventário.
Começas por escrever sobre a nossa correspondência.
«Pareceu-me neste email recente, uma presença de esboço de obra, quando o amigo sugere a vida cotidiana que levamos, como matéria de releitura e aprimoramento enquanto peça literária, e que minhas obras, sob o crivo de sua visão, é ao mesmo tempo, mote e pano de fundo para tal empreitada literária.», este parágrafo parece-me enorme de ambição, é interessante!
Tentarei fazer a descoberta de tuas publicações, irei numerando de 1 a 100, essa será a minha primeira empreitada. Se concordares, faz-me um favor, faz o inventário que vai servir de Índice à nossa obra. Se achares que a mesma vale a pena, dá a ler a “leitora externa”...
Vamos continuar.
«Passei boa parte de minha noite insone, pensando nestas opções, digo possibilidades!», espero que o nosso projeto não te tire o sono :)
«através de poesias mais recentes ao vem... », tens de ajudar em relação a esta frase deixada em suspense ou suspensa, por certo, as duas coisas: em suspense, suspensa.
«Muito me alegrei com a inclusão de outros olhos nesta nossa construção literária, certamente aceito o convite, este novo olhar poderá trazer mais cor ao embaralhado de nossas linhas!», outro parágrafo excelente!
A minha amiga pensa que a tua obra é invenção minha? Não vou interromper o inventário, levantando questões.
Chego agora às tuas considerações sobre “Ereto falo”=”e”reto falo! Obrigado, mais uma vez.
«Por outra via, envio abaixo dois poemas "novos", pelos quais nutro certo apreço, principalmente o poema "Impérios" inserido mais de uma vez no corpo de Antologias diferentes:»
É isso, és poeta publicado, tens-te publicado. Estranhei não teres, até à data, falado de email que te reenviei, sobre participação num certame literário, recebeste? Diz qualquer coisa.
Impérios.
“Ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana,” Carl Gustav Jung
Sempre gostei de citações, anteceder um poema (um texto) de uma citação, sempre achei algo de mágico! Acho que pensei escrever um livro de Poesia construído deste modo, livro de citações...
O que posso dizer deste teu poema? Acho que posso interromper o inventário, estou quase a acabar.
“Que tudo era pó e ao pó com o tempo retornava!“, deixa-me discordar do teor deste verso. O tempo nunca volta à matéria, só a nossa atenção aí habita, acho eu. Isto só enquanto voltamos às coisas que gostamos, gostámos, de forma mais ou menos acentuada, enquanto estamos vivos. Depois morremos vamos para o Céu, pelo menos, essa parte da crença, não me importo de a alimentar ao gosto daquele que crê em organizações (tão tenebrosas como pode ser a Igreja). Esquece que escrevi isto, às vezes é-me difícil respeitar uma ingenuidade que pode ser tão doce como dose!
Gostei de “impérios”, ele, o poema, muda de considerações gerais para uma “pose” tão pessoal que acaba possuindo a alma do leitor, pelo menos, a mim, pediu-me esse grau de entrega. Parabéns!
“SETAS DE FOGO”
“por mais que me enlouqueça os teus delírios,“ vês, a questão da concordância, o verso cria a nuance... não são os delírios que enlouquecem o poeta? Se fossem, seria, “por mais que me enlouqueçam”.
O leitor nem respira, vê, procura ler, o modo como olhas olhos que que te inspiram.
Finalmente:
«Por fim permita-me somar a estas linhas uma crônica, que me parece trazer indícios pertinentes ao que estamos fazendo aqui, ou que faremos a partir daqui:
UM DIA NO AQUÁRIO: O CASO DAS EXPECTATIVAS ALHEIAS...»
Acho que não vou acrescentar nada a tuas considerações e ao título da crónica, abraço amigo.
10 - Meu caro:
Estou a pensar partilhar contigo um heterónimo meu, Assim Mesmo. Na verdade, não será ele, já um pouco, também teu? E, se assim for... não seremos nós dois já, um pouco ou muito, Assim Mesmo? Um outro que somos nós mesmos, acaba podendo ser qualquer coisa, ninguém ou todos. Assim mesmo é o autor que assume puder ser, leitor?
A maravilha da realidade é que ela é, pode ser... muito mais utópica que qualquer Utopia, histórica ou Pretérita Futura!
Vamos deixar o(s) leitor(es) pensar(em) que é(são) ele(s) quem escreve esta obra a partir da sua leitura e assim... são eles, Assim Mesmo.
Esta carta será o “11” mas, primeiro, tenho de escrever o “10”? Ou vou passar para o “10” e será esta o “11”. As contas que Deus fez, as contas que Assim faz :)
Esta será o 10, será esta a resposta a teu último email e todos os números passam a ser “inventário” dos emails que escreves, mail, correspondência, mala postal.
Isto de usar a electrónica como meio de correspondência é, como vocês dizem no Brasil “um barato”!
Abro teu email e copio:
“Olhares”
Olhar os olhos da pessoa amada,
é ver por uma escotilha o infinito,
é ter ao toque da mão ousada,
Um ventre em plena concepção!
Pois a mulher que se ama
guarda em si toda a chama,
que nos acalora e guia!
Fitar os olhos da pessoa querida,
já é de antemão trocar carícias…
Ainda mais quando sentimos,
que nossos corações amantes,
já bem antes do encontro,
têm entre si, dadas as mãos!
Há um contexto? Este texto sim, saiu de um contexto, não o trás consigo. Está fora do contexto? Não, isso é o que tem de bom qualquer obra, ela, em si mesma, cria o seu próprio contexto!
Como vês, respondo ao teu email não respondendo ainda ao email. Pego numa parte dele e sento-me, tendo à minha frente um texto, um poema, tento escrever sob a influência dele, escrevendo sobre ele?
As considerações “mecânicas” sobre Tempo e Espaço, são postas em causa através da Teoria da Relatividade, aceitemos o(s) facto(s). Facto e não fato, para não se confundir com "terno" ou exatamente assim... para mostrar como tudo se pode confundir!
Ora, nós, em boa verdade, gostamos do simples, do acessível, do normal, do identificável... “Olhares”?
O meu olhar sobre a tua poesia, não pretendendo que seja a construção de outra poesia, seria a destruição do poema? Desmembrar uma coisa coesa, una, única!?
O melhor mesmo é nada dizer, dizer que mo mandaste e muito agradeço a tua partilha e pronto deixo-me ficar na “minha” ilha, não saio daqui, continuo onde estou, a milhares de Kilómetros de distância, a fazer prosa e lendo; vou reler, a tua poesia.
Pronto, hoje não digo verdadeiramente nada, sobre o texto. É textual... quem quiser ler o texto, o poema, tem de ler no poema. No poema nu...
Esta é mais uma resposta parcial a teu email de hoje, mais um capítulo!
Grande abraço,
Francisco
Como sou abusado... eu retiraria a maiúscula em Um, no verso “Um ventre em plena concepção!” ou poria maiúsculas em todo(s) o(s) início(s) de verso(s)? A forma é sempre importante!!! A gramática, essa, não perdoa! :) Está-se bem marimbando (tocando marimba) para nós.
11 - Caro xará:
É um prazer ler seu português limpo, límpido e cristalino, na forma e nas ideias. Como quase sempre afirma, está aberto à controvérsia. Ora, como não é o caso, raramente tenho algo a dizer. Agradecer, dar os parabéns! Mas, como não gosto de ser "puxa-saco" raramente escrevo, minhas desculpas.
Como ando talvez há uma semana a fazer uma experiência literária, vou mandar anexo. O amigo fará o favor de ler, sem pressa de responder. Vou no 7, irei mandar até ao 10. Nessa altura, se não tiver, entretanto, obtido retorno, não torno a incomodar.
É prosa em torno da leitura e da sua poética, há poesia na leitura! Estou a fazer a experiência de partilhar com um autor o meu olhar sobre a sua obra; para o leitor, condição a que estou a sujeitar o amigo, haverá a dúvida sobre a existência real desse mesmo autor. Esse é o lado ficcional da escrita, enquanto ela evolui mergulhada em território de sonho e desejo.
O escritor está sempre em perspectiva, perante o que possa ser a sua obra. O que acabo de escrever, mais tarde ou mais cedo, não por enquanto, não neste exato momento, ainda não faz parte da obra. Também não sobra dela, não está de fora. Ponho, deixo como possibilidade, integrar o que estou a escrever no que desejo escrever.
Agora fui confuso, ficou confuso? Não pensaria mandar-lhe este anexo, nem os que se lhe seguirão, se não achasse que não o irei surpreender. A ficção é um mundo de onde a realidade pode estar afastada, mas nunca consegue ficar ausente.
Abraço amigo dos Açores,
Francisco Coimbra
Um português tem de descobrir o Brasil para encontrar esta palavra, xará. Será? Qual a origem da palavra? Para não me habituar a estar sempre a citar um dicionário, o caro(a) leitor(a) fará favor de pesquisar, caso esteja interessado. Espero que não :) Que não interrompa a leitura desta prosa, deixemos que ela flua.
Um Francisco, a escrever para um Francisco. Coisa bela, perfeita! A transcendência da obra de arte é esta mesma, ela pode e ambiciona a perfeição!
Agora vou ter de desmanchar o baralho...
Email para um xará de quem me separa pelo menos uma geração (20 anos), alguém que aprecio e incluo nesta “Poética da Leitura”. Nome a dar à compilação deste registo diário, quase diário? “Quase Diário”, também seria um bom nome!? Não me vou, de todo, preocupar com o assunto, nem tema será? Bom, já está a ser. Deixarei para o autor, o outro, responsável primeiro pela minha leitura? Não, isso não seria possível. Mas, sim, o autor dos textos que iremos incluir no Índice.
Digamos, sigamos... os meus textos são todos numerados, no índice só irão constar as obras citadas, as quais deixei, vou deixar de pôr entre aspas.
Elas são do autor desta obra, Assim Mesmo? Pois, assim espero, Assim Mesmo!
«Do leitor com quem troca as correspondências, mesmo sendo imaginário ou não já descobri que é brasileiro.», minha amiga é despassarada... esqueceu dizer se gostou de ser ela “leitor com quem troca correspondência”. Pena, vou ser reincidente! Pode ser que desta vez não se esqueça do que é mais importante, colocarmo-nos, nos a nós, como fiel de balança do que em nós pesa e é pesado (dizer o que sentiu, moça)!
Depois de uma frase “pesada”, daquelas que obrigam o leitor a ler de vagar, vou passar, de imediato, para o essencial, procuro a leitura que alimenta esta escrita.
Não, neste capítulo, não há lugar para mais ninguém. É o entrar nesta minha “história” de um xará, mesmo que isso surja de forma desgarrada e não se torne a repetir. Será?
É, de certeza... Já tínhamos uma “leitora externa”, passamos a ter um “leitor externo” e mais não haverá da minha parte.
O autor, quando escreve, quando cria, não se deve distrair: diz trair... Então, se achei e acho importante ter quem nos possa ler, aconselhar? Acho importante não me distrair.
Nem pelo autor que quero ler e conhecer? A distração é importante, adiante.
Este capítulo, tendo um email, não é um email. Hoje, aqui, deixo a crónica de algo que me passou pelos cornos...
12 - OBRA:
Digamos que esta obra está a nascer numa “caixa de correio” de um email, é uma coleção...
Vou colecionando emails que escrevo e alguns que recebo, é justo chamar “correspondência” a uma obra com estas características?
Abordemos “obra”, não consigo fugir ao verbo “obrar”, ao qual se deve dar “vazão” na casa-de-banho, de preferência. No entanto é com esta necessidade que sempre penso, ou faço, qualquer “obra”.
Acho que o parágrafo anterior mostra, ou exemplifica, o como ou o porquê de nunca em momento algum me encher como o sapo da fábula de ar, tentando ser maior, do tamanho de um boi?
Assim como quem não quer a coisa, com a maior das simplicidades, tenho passado uma vida quase inteira, comecei aos dezoito anos, já lá vão muitos anos, a fazer “obra”.
Tentar conhecer, compreender, seja lá o que for, sobre a obra de um outro ou mesmo sobre a minha própria, é um trabalho para fazer sentado?
Escrever sentado dá muito mais jeito, embora Pessoa tenha construido uma narrativa sobre o aparecimento de seus heterónimos escrevendo em pé.
A literatura é, literalmente, feita de histórias. Ela mesma, não é outra coisa. Uma história feita das coisa que foram escritas, por aqueles a quem chamamos escritores. Os que o são e os outros, sendo que, os que o são, serão aqueles que conseguem viver da escrita? Mal iriam os poetas, mal vão ou apenas, mal ficam, com seus poemas.
Dá-me gozo escrever estas coisas e outras, por estas e outras... escrevo.
Altura de me virar de novo para o último email do “meu autor”, o outro autor sobre o qual gostaria de fazer obra lendo a sua obra. Depois do que escrevi, não sei se ele não terá algum pudor em me ter como escritor. Problema dele, eu gosto de ser Assim...
Assim nasceu dum livro em prosa, Narrativa Simples se chamou esse livro. Chama? Chama, ainda arde... numa gestação profunda que não sei quando virá a ter Fim.
Ele tem a particularidade de, depois desse livro, ter decidido que nunca mais escreveria em prosa. Minto, não foi depois desse livro, uma outra história. Bastante desinteressante, digo de passagem para passar à frente.
Não o devo fazer, a insinuação de qualquer coisa que fica por dizer, é caminho andado para um mau desfecho nas histórias, sejam elas literárias ou nada disto.
A boa da verdade é que não me apetece dizer mais nada, como tal, sobre este assunto, ponto final. Hoje, agora, tem sido apenas discorrer a correr sobre o que para mim é ou pode ser, escrever.
Temos então o email, não é? Já lá fui buscar uma poesia, o que vou agora fazer? Não sei, talvez nada... Vou continuar a escrever só por escrever, fazendo mais uma crónica, crónica.
Passa-me pela cabeça que lhe gostaria de chamar “OBRA”, dando-lhe um título e foro de coisa acabada, com princípio, meio e fim.
Se fosse um conto, como por artes mágicas... uns pozinhos de perlimpimpim e pim: Fim. Sendo uma crónica, crónica ou não, tenho de a deixar ir indo até já não mais ir e a deixar ficar, acabada.
Quando é que isso irá acontecer?
Agora, depois de ter escrito lá em cima Obra, o que falta? Falta ultrapassar estas questões e dar resposta, pelo menos, a uma delas.
A minha ideia é acabar isto que comecei e voltar, talvez, nada de certezas, sigo o Princípio de Heizenberg (Princípio da incerteza), voltar com uma carta. Certo? Acerto? Só posso acertar, principalmente, se quiser continuar a pensar que isto é uma correspondência.
Haja paciência: Pã ciência, pela música é que vamos...
13 - Caro amigo:
Poetastro “poeta astro”, poeta traste, uma coisa qualquer... um convencido, foi quem decidiu o Assim a nunca mais escrever em prosa. Para o Bem ou para o Mal, não lhe levo a mal. Primeiro que tudo o Assim é o meu Alberto Caeiro do Fernando, Pessoa, é meu mestre.
Como tal, sendo Assim meu eu, eu não tenho mestres. Sobra o Pessoa? O Pessoa não me importaria de ter como mestre, possivelmente tenho, ele tinha o bom gosto de não seguir mestres. Dizia que eles é que nos escolhiam, assim sendo, ele que me escolha se tiver tempo na Eternidade para viajar no Éter até esta Era. É legal?... Éter, Era, Eternidade!
Está mais que na hora de tentar sentar-me e tentar responder a seu/teu último email, embora já o tenha começado com novos capítulos para a minha/nossa correspondência.
Porém, de forma específica, ainda não me debrucei sobre seu último email. Digamos que ele me provocou uma vontade grande de continuar a fazer “literatura”, coisa que a literatura não deve ser.
A boa literatura nunca é “literatura”, ou seja, em minha parca consciência do que seja a literatura, a literatura não deve ser literária. Deve antes ser uma verdade insofismável, ter uma lógica absoluta e ser o que a escrita nunca poderá deixar de ser, ter sido escrita por um autor. Conhecido, desconhecido, isso não importa, a boa literatura é aquela que nos toca e nos consegue dizer tudo o que precisamos de saber e sentir, através da leitura.
O teu email é literatura? Nunca, pelo que acabei de escrever, tal diria. Vou-me propor, propor-te um desafio, tentarei descrever o teu “texto”. Este será o pretexto de minhas próximas linhas mas, primeiro, tenho de ir fazer qualquer coisa, tenho de sair. Até logo.
A minha ideia é citar 100 textos teus, poesia ou prosa, podemos e havemos de decidir isso. A ideia de usar as primeiras 100 publicações recantuais é ideia já desatualizada, embora possa continuar a ser utilizada.
A minha ideia... como os idiotas, devo parecer de uma ideia fixa, passa por pôr em destaque o Recanto das Letras, sítio/site onde nos conhecemos.
Ainda não é desta que volto ao teu email, ainda tenho de sair. Até logo.
Agora vim deixar uma nota que ainda não fiz: 100 textos sem pretexto definido por mim; também a escolha dos textos passo para o autor :)
Esta brincadeira tem uma graça limitada, no final o autor tem de ser apresentado. Os últimos textos serão os primeiros? Há ditado “os últimos serão os primeiros”, parece ser coisa que vem da Bíblia!
Bem me parece que este será um livro abençoado por Deus e bonito por natureza, viva o Brasil!
Num tom mais “a sério”, vamos ao email.
Já pensaste como seria se eu pudesse decidir o que tu terias escrito no teu email? Essa coisa de sermos totalmente autores, responsáveis, criadores das nossa criações, é problema que nunca se põe a um criador de galinhas.
Não posso estar só com conversa fiada... mas, ter de dar atenção à realidade, pode ser uma maçada, é trabalho e eu que gosto de fazer a escrita como lazer. Será? Sei lá, um mixe...
“INVENTÁRIO - UMA RESPOSTA POSSÍVEL”
Afinal esta carta, só formalmente, pelo começo, o terá sido. Acaba por não ser sequer reflexo de teu email, afetivo e generoso com o assunto aqui copiado.
Altura de dar uma grande “volta ao texto”... de há momentos atrás a esta parte, já nos conhecemos ao vivo e a cores, com som e palavras ditas. Resultado de um telefonema, com uma ligação muito má mas que nos permitiu a imagem em movimento, múltiplas imagens... muitas palavras!
Só depois do telefonema descobri a mensagem falada que estive agora a ouvir; isto vai ter influência no nosso relacionamento, com certeza.
Altura de enviar pelo email os capítulos que escrevi e ainda não dei a ler, liga quando quiseres. Já no próximo capítulo espero conseguir fazer uma surpresa, vamos ver se me saio bem.
O importante, muito me satisfez, saber que escrever teu último email te deu prazer e foi emocionante. Essa, a emoção, é o combustível de toda a poesia, alimento de toda a alegria e felicidade nas relações humanas.
Um brinde de despedida neste, afinal, email: à amizade!
Francisco
14 -
O telemóvel, destes mais recentes em que toda a frente é um êcran, foi a televisão onde acabo de conhecer o “meu autor”. Posso tentar trocar a expressão por miúdos, não conseguirei dizer melhor; acabo de conhecer o autor de quem são as obras a ajudar a dar vida ao(s) meu(s) texto(s). Uma cara simpática, sorridente, barbada; dois homens de barba estiveram a trocar cumprimentos durante uma ligação com pouca qualidade que chegou a interromper e voltou a retomar. Acabo de fazer gravação de voz através do Zap, ao fazê-lo, descubro a foto de meu amigo que em ponto pequeno nem conseguia perceber. Na mesma foto, um casal. O mesmo sorridente personagem, agora acompanhado de sua companheira, a mãe de seus filhos. Parabéns para ele, ela é senhora de sorriso simpático como ele, ainda bem para os dois e para esta história onde, não se pense, não deixo de alimentar uma aura de mistério sobre o “meu autor”. Apoderarmo-nos dos personagens é algo cuja explicação escapa a qualquer explicação que não se aplique a procurar uma dimensão psicológica completamente fora deste horizonte. A não ser que ela, essa dimensão, surja do exercício que vou fazer: uma resenha do último email. Como assunto: INVENTÁRIO - UMA RESPOSTA POSSÍVEL. Não é fácil fazer a resenha de um email, como dizer a saudação de entrada sem, pura e simplesmente, a copiar? “Saudações querido amigo!”, pronto copiei, vou inventariar algumas passagens. Segue-se, integralmente o segundo parágrafo, salto o primeiro pois vou tentar ser seletivo :) “Inventariar os meus caminhos, nas letras que espargi pelos quatro cantos do mundo, ou quase, parece-me um coroamento, o valorizar de um trabalho, que a custa de suor e lágrimas veio à lume. - Releve aqui o tom quase dramático!“ Gostei! Mas, o meu amigo brasileiro, desculpar-me-á por ir chamando a atenção para alguns erros, um erro completamente instalado no Brasil, no que toca ao uso da língua, é o uso indevido da crase: “veio à lume” é “veio a lume”, nada mais. Quem me ler pensará que sou professor de português, crasso engano, sou professor de Matemática. Sensível à (esta é a crase como deve ser usada) escrita, amante da leitura, sinto-me compungido a partilhar com o meu amigo escritor o gosto pela correta utilização da matéria prima do seu ofício. Mais um salto “minha obra está posta, fica a seu critério qual itinerário a ser percorrido, para finalizar o teu projeto e corroborar as tuas expectativas!”, já me comecei a descartar desta responsabilidade, iremos partilhá-la. "Caminhando com as borboletas", menciona o seu primeiro livro com arte e propósito. Interroga-me “não seria mais proveitoso no processo de apreensão um do outro, que entre nós se intensifica, conhecer um pouco mais deste homem, que deste outro lado do atlântico caminha a passos lentos, por vezes tão curtos e por vezes largos?“, já falei da barba e da Matemática :) Brinco, ele fala dele mesmo, dando de seguida links para textos onde posso ficar a conhecê-lo melhor. É o que irei fazendo, sem a ideia que, porque li um autor, conheço esse outro que ele é. Irei criando uma boa ideia, tanto melhor quanto ela alimente uma boa relação. “Quanto à poesia, reputo como início de caminhada literária, o poema “Olhares”“, sobre o qual lamento não dar mais informação ao leitor, pois a referência bibliográfica fica reservada pelo sigilo sobre esta realidade a ser moldada numa correspondência... com (re)senha. “Meu amigo, quanta alegria, na procura de minhas primícias, acabei encontrando-me com o que me é tão caro… A minha própria alma!“ Ainda há mais uma poesia “Dorme gigante”, essa deixo-a para amanhã. Quando a der a ler voltarei a este email, aflorando aspetos do mesmo não denunciados neste texto breve; anunciados sim, no sentido de alimentar a curiosidade do leitor e me preparar, a mim mesmo, para amanhã aqui voltar.
15 -
Novo contacto de “meu autor”: «Estar sob o crivo de um espírito que a um certo tempo levou os seus para além do bojador, talvez me leve para além de mim...». Uma coisa tenho a certeza, a escrita leva-nos além de nós. A poesia é a prova provada do que afirmo, voltamos ao email anterior. Do qual já fiz a resenha, tentando dele fazer escorrer alguma resina. Querendo ser seringueiro do texto, como frondosa árvore onde procuro bens de sua natureza. Aí vou procurar, poesia: «O que me remete à poesia “Dorme gigante!”, declamada no enterro de meu pai, abaixo transcrita: Dorme gigante! Dorme gigante, bem... Envolto na distância inexistente, dorme de mim ausente, dorme! Sabe sei que de tudo tu se recente, neste teu instante de distância! Dorme gigante, aplaca a tua ânsia, eu não estou ausente! E tu está presente, na mente minha, que te enlaça, que te abraça, desta distância aparente! Dorme gigante... E descansa!» Procurar, copiar. Isto é literatura, copiar? Não, dá leitura e isso leva-nos... tem-nos na literatura ou em seja o que for. Expressão abrangente, da qual gosto de sentir a realidade: “seja o que for”! É preciso ter fibra para expor os mais íntimos momentos, como pode e deve ser um enterro. Essa é a matrix, a mater X, o local, o lugar do nosso sagrado: onde nos ligamos para sempre à vida futura! A qual alguns desejam de forma absurda? Sejamos atentos e não-surdos! Interessa o que eu possa dizer do poema, da sua poesia? O melhor mesmo já está feito pelo autor, quando diz que nos vai dar a ler um texto que leu na despedida do seu pai. Isto é algo tão pessoal que nos adentra dentro do “reino das ideias”, a concepção de um mundo transcendente onde amor, amizade, saudade, tudo se funde! Começa com uma exortação: «Dorme gigante!», digam lá se isto não nos remete à infância onde o nosso pai era enorme e era o nosso herói!? Há pais e pais, o mesmo se pode dizer dos filhos, somos todos diferentes, podemos ser todos iguais. Gostaria eu de poder ler algo para o meu pai no seu enterro? A literatura vive neste meio termo, onde a realidade se funde com o imaginário. Existir esse “meio termo” pode ser – um meio terno de procurar a ternura – de um filho – pelo seu pai? Não sei o que possa dizer deste texto que seja melhor que o dar a ler, tentar passar essa vontade para o leitor. Vamos procurar outro verso? «eu não estou ausente!», dar a certeza ao pai de que ele pai nunca ficará sozinho, só pode garantir ao filho que o pai nunca o deixará. Esta é a verdadeira beleza da poesia, quando ela materializa mensagens que nos deixam sentir tão fortes como as nossas convicções. É tudo! Mais um momento único desta correspondência única, acordei, no seio da noite; sei-o agora, foi para poder registar isto, mais um instante. Vou tentar voltar ao sono, boa noite! 16 -
Para mim, para si, para o leitor, caro autor, vou-lhe dizer como isto pode ser, é um romance? De certa forma, sim. Temos um enredo, é a rede que vou deitando ao mar, procuro esta parte do mundo, nas ondas. Acaba de ser uma história que considero tem poesia, para além da poesia do autor que tento dar a ler. É um romance, um namoro com as palavras, uma declaração de amor à arte! Imagino o meu amigo a imprimir, a fazer o papel de um editor, a editar o que vou escrevendo e ele fica com o mesmo papel que o leitor, tem de se entregar à leitura. Descobrimos que um livro é o revisitar de uma ideia até a mesma se materializar, pode ser um trabalho gigantesco ou apenas entrar no nosso dia-a-dia e ser parte dos nossos dias. Gosto de imaginar este livro como o descrevi no anterior parágrafo, um livro que se vai escrevendo. Claro que eu tenho de ser como o meu amigo, imaginando-o a si? Lá voltei eu, por querer e crer dar ao leitor um permanente lugar nesta obra, onde nada existe se não nos imaginar: o autor que é um outro, a leitora externa que é uma amiga, o leitor externo que pode ser um mestre e o Assim Mesmo, meu mestre, como maestro: orquestra completa? Agora já lhe juntámos e queremos juntar a mulher do autor, porque não os seus filhos também? O mais certo é o autor nos brindar com uma poesia sobre um dos filhos? Sobre o seu coletivo? Sobre a mulher, sendo ele poeta do amor, serão muitos dos poemas. A minha amiga gostou que eu tenha introduzido uma personagem feminina na história, aproveitou para se queixar dizendo que “leitora externa” era pouco sexy o que, convenhamos, já a torna em algo que ela é: sexy :) Aproveito para contar uma história da literatura que muito me agrada, um dos bons poeta portugueses, somos uns felizardos nesse capítulo, escreveu um único romance (que eu saiba) tendo uma personagem feminina que, para mim, para este leitor que sou, ficará para sempre: Y. Tão simples como isto, uma vogal simples, elegante, despida... a mulher de braços abertos :) Este é um capítulo do livro onde tento exprimir amor, amizade, “seja o que for” pela amiga que me vem acompanhando nesta empresa, aceitando ser personagem, pessoa, elemento-chave para abrir o texto à sua leitura, a minha leitora preferida. Sim, essa mesma, a despassarada... Ela escreveu uma coisa linda que não quero deixar passar, o que a traz para este outro lado da realidade, onde todo o outro se torna autor, passa a colaborar, a co-laborar nesta obra. Devo fazê-lo? O autor, esse deve achar piada e pensar “está mesmo a fazer um romance”, se quiser ser malandro “agora está-se a fazer à leitora externa, aposto que é brasileira!?” A forma insinuante de fazer pensar quem sejas antes mesmo de dar a ler palavras tuas, isto é ciência :) «Você escreve para quem pensa. É como um mestre gourmet que faz pratos de forma elaborada, para quem degusta e aprecia a obra com cuidado, observando componentes, provando cada item com a ponta da língua, anotando cada sabor e sensação no ato da prova. Depois sempre há um convite para opinar sobre a iguaria, assim interagem criador, obra, provadores (leitores no caso).» No final da história vou mesmo ter de pagar direitos autorais, portanto, isto é só para evitar acumular grandes dividas. Quanto à citação, ia à procura de outra coisa, às vezes ou sempre, o que importa mesmo é o que encontramos. Bem-haja! Ainda há espaço... o que mostra que posso ser mentiroso? Talvez Sim, talvez Não. Em caso algum aqui se trata de verdade ou mentira, pois não há uma única verdade. Um desejo para estas “considerações” é tornar a leitura uma coisa cada vez mais pessoal, imaginar o que você podia escrever se agora quiser escrever? Está a ver!? É como escreveu a minha amiga: interação. Ela sendo prática e direta, mostrou como ela acontece, fê-la acontecer! Fez a acontecer, fê-la. fê-la felá | n. 2 g. fe·lá (árabe felláh, lavrador) nome de dois géneros Homem de casta inferior entre os egípcios e que se ocupa dos trabalhos mais rudes. Nota: Pode também ser usado como substantivo masculino, admitindo o feminino felaína. Palavras relacionadas: eu, poleá, charodó, vaixá, xátria, chardó, brâmane "fê-la", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/f%C3%AA-la [consultado em 29-07-2021]. As palavras podem levar a grandes viagens!
17 -
A ideia de sermos a pessoa que melhor nos conhece é um erro que quase ninguém comete, não deixa de ser uma ideia que promete para escrever mais um capítulo. Vou partilhar com o amigo leitor (pode e deve ser ele, por excelência, o “meu autor”) a escolha para se apresentar, uma das escolhas. Desta vez não se trata de um poema pois o texto, que não vou dar a ler na integra, tento integrá-lo nesta descoberta desse outro, o próprio a dar-se a descobrirmos a nós mesmos. Depois de uma frase para explorarmos como se ela fosse o mundo redondo de um peixinho vermelho, cá vamos: «Pessoas podem ser tudo na vida, podem ter tudo na vida, mas se não existirem laços, serão como ilhas no mar, uma das outras distantes... Por muitas e muitas vezes pessoas são caminhos, por onde transitam outras, e nesse ir e vir constante criam-se famílias, lares, amizades, inimizades... Noutras oportunidades pessoas são pontes, que ligam pontos de partida/de chegada, para os passos dos viventes...», parágrafos de um texto de memórias que o autor nomeou HOMENS ESTRADAS, HOMENS PONTES E HOMENS ILHAS... Passemos à continuação: «Se pessoas não fossem assim, dadas umas as outras, qual o valor da vida, antes que ela esmaeça e nos retorne ao grande Nada?» Eu, cheio de perguntas que sou, acho que não há retorno para a vida, ela acontece e vai por aí fora, até ter sido. Pensem “como termina o texto?”, vou tentar dar resposta a esta questão sempre importante! Já alguma vez tentaram ler um livro, um qualquer, folheando as suas folhas e lendo, em cada uma delas, o final do último parágrafo? É uma leitura muito interessante! Acho que estão preparados para a minha próxima pergunta, sobre o que terá escrito depois do “Nada?”, isto: «E hoje, quebrar as correntes tecnológicas, PCs, smartfones, ou aplicativos que os valha, não é dar um tom de humanidade ás nossas vidas tão automatizadas?» Ainda não tinha feito uma chamada para a gramática, será esta: “às nossas vidas”! Uma questão de pontuação. Durante muitos anos tive sempre um prontuário à mão, mudei de casa, arrumei tudo... ainda não o tenho de novo à mão, mas o meu amigo não deve prescindir dessa companhia. «No mais, a visita inesperada, fora de hora á casa no Morro Grande, reaproximando duas velhas senhoras, uma que a mente parece que o tempo esgarça, e a outra que faz de um tudo para estar inteira, foi apenas um mote... Uma desculpa!» Um texto tem de ser lido corrido, nunca será a junção de seus parágrafos. Um texto é mais que a junção das partes que o formam, é a sua união num todo. Não são vários orgãos juntos, é um sistema que deve funcionar como um todo. Esta ideia de que posso ler, dar a ler, partes de um texto e o leitor fica com uma ideia sobre o autor, é uma barbaridade. Coisa que, em boa verdade não me desagrada de todo: Francisco, o bárbaro! “Dá água pela barba” formar uma boa ideia do que é uma “boa leitura”, mesmo se sabemos o significado a dar à expressão corrente “dar água pela barba”: estar imersos até ao pescoço num problema, sentir dificuldade em o resolver. Desculpar-me-á o autor os maus tratos que dou à sua obra? Creio que sim, pela simples razão de que ele, se tiver essa vontade, a irá ler. Já o leitor só tem uma distração possível, ver as voltas e reviravoltas que quem escreve dá à escrita, bendita matéria onde vertemos a fala na forma de palavras que queremos deixar para os outros, escrita (a fala escrita). Não me esqueci de, está prometido, apresentar o final e deixá-lo acontecer: «- Apenas uma ressalva, respeito! - Ao adentrarmos uns nas vidas dos outros é de muito bom tom tirarmos os nossos sapatos!» Ou: «Fui reencontrar-me com momentos em que tudo era sonho, em que tudo era possível, em que não sentia o peso do correr dos anos, da dor e da alegria do amor, e os desafios a serem enfrentados...» Ou... «E bem dentro do meu coração de homem ilha, ecoa em auto e bom som: Você também é homem estrada, você também é homem ponte, pois você tem, pois você é História!»
18 - CAMPO DE GIRASSÓIS...
“Podemos desesperar mas não sucumbir ao desespero” este tipo de afirmações tem um fundo que é como o lastro dos navios, acabam dando equilíbrio à flutuação necessária, para navegar. Logo na primeira frase do texto identificamos, julgamos identificar, a situação gerada pela pandemia.
Tomo nota da primeira impressão, começando mais uma vez a escrever um texto, partindo da leitura de outro, cujo título, por extenso, inclui as reticências que respeitámos.
Corresponder é responder mutuamente ou simplesmente, pegar nas perguntas que se nos levantam e abordar as questões daí surgidas.
Depois de ter fragmentado um texto, fazendo no mesmo uma compilação de leituras, obtive um resultado sobre o qual ainda não me atrevi a perguntar a tua impressão, parece-me que o vou ter de fazer.
Primeiro, antes de pedir ajuda, estou a tentar dar uma visão mais... menos fragmentada, deste “Campo de girassóis...”.
Retomo, retorno.
«Estamos vivendo dias tristes, de inseguranças e solidão, mas por mais cuidado que devamos tomar, conosco e com aqueles a quem amamos, podemos desesperar, mas não sucumbir ao desespero...»
Evitando dar a ler um texto na integra, irei intercalando cada parágrafo.
«Com toda a dor que sentirmos, a cada lágrima que viermos a derramar, possamos verter os olhos ao invisível... Que possamos olhar para dentro de cada um de nós, que possamos notar: Estamos conosco mesmo, com toda uma história de vida, cheias de batalhas vencidas, de esperanças vitoriosas e de dádivas recebidas quando pensávamos não haver saídas...»
Sinto-me mais à vontade a citar poesia, o poema é um todo; a prosa dou-a pautada...
«Olhando para nossas intimidades, reencontraremos sim, segredos, mistérios, marcas profundas, outras ainda mal curadas, pelo simples fato de não sermos perfeitos... Estamos sempre em construção!»
A perfeição vem do aperfeiçoamento ou é o fruto ao ser colhido?
«Mais que isso, olhando para nós mesmos, dentre os sentimentos, vejamos aqueles que podem vencer qualquer isolamento, e a mais severa solidão, e os façamos vibrar! E nesta vibração, os façamos ecoar... Sentimentos de nossas almas ecoando, sentimentos de nossos corações ecoando, possa ser nesta hora o som, a voz, que quebre todo o silêncio que envolve tanto isolamento, tanta dor, tanta insegurança...»
«Reencontremos a força interna que nos fez caminhar, mesmo quando não enxergávamos estradas... Perseverar quando duvidamos de nossas forças...»
A prosa deve ser lida como um poema!
«Que, se não retira de nossas costas o fardo do medo, o possa minimizar!
Pelo fato de estarmos apoiados naquilo que faz com que sejamos o que somos, o que nos conduziu pelos caminhos em fomos nos formando...
Essa força, essa luz, esse som, esse nós, intimo e indissolúvel, é a força que nos fez e faz perseverar: Alma! Espírito! – Sentimento de desejo de existir e se manifestar, a partícula de Deus!
Somos diferentes uns dos outros, como se fossemos as plantas num enorme jardim... Alguns existindo indiferentes uns aos outros, focados aos aparentados e amigos, outros feitos por abnegada doação... Mas, agora é a hora, de conscientes da força que habita dentro de nós, de compreendermos o significado da comunhão...
Mesmo “isolados” em nossas casas, voltemos o pensamento, os sentimentos da alma e do coração para além de nós...
Vibremos amor!
Ecoemos esperança!
Pratiquemos a fé que trazemos dentro de nós, desde o instante de nossa formação!
Sejamos todos nós, tão diferentes um dos outros, apartados uns dos outros, ou não, um só campo de girassóis, que diante das adversidades se aconchegam mais e mais uns aos outros, voltando-se todos ao sol!
Nós que não somos plantas, e que somos bem mais do que meros animais, usemos a realidade em que vivemos como solo, e a luz deste sol a que nos dirigimos, como um objetivo claro de comunhão, e lutemos, lutemos, por nós, pelos nossos, por todos, pois, dentro de nós existem forças para tal batalha!
Sem falar em religião, pois a crença é uma experiência pessoal, falo apenas que penso que existe esta luz dentro de nós, e juntos, qual um campo de girassóis, façamos desta luz uma tocha, façamos dela um facho que deixe toda a dor, destes dias, apartadas de nós!
Quanto aos fatos, somente a união de todos, poderá trazer uma vitória por todos nós!»
19 - UM HOMEM TÃO FALHO...
Quando vi o pequeno menino, estendido na cama, balançando as perninhas ainda tão curtas, tão impregnadas de caminhos, ainda latentes, só soube me emocionar. A memória foi lançada há uns trinta anos atrás, quando sozinho, em frente a um berçário, ante a iminência de conhecer o meu primeiro filho, sentia o coração a sair pela boca... A atenção tanto no petiz de agora, quanto no de outrora, voltou-se para um traço em suas anatomias... Ambos, o meu primeiro filho, quanto o meu neto, pareceram-me tão iguais. Num redemoinho de lembranças, as lutas, os acertos, os enganos pareceram-me tão ínfimos, embora tenham machucado, tanto quanto amainado dores... – As minhas, e de outros! E por um instante pensei nas minhas escolhas como aquelas que ao cabo do tempo frutificaram... Mas, quando vi o menino pequeno, percebi que não se tratava mais de mim, e de outros... Uma nova história se iniciará! Outros desafios virão... Outras decisões deverão ser tomadas, para o bem ou para o mal, pois o tempo não para. No mais, quando o esforço de nossas vidas frutifica, não paramos para pesar os prós e os contras do caminho, só temos olhos para o fruto de nosso trabalho! Quando o nosso fruto, frutifica, faltam palavras, sobram lágrimas... – De alegria e gratidão! E a paternidade é um oficio, é um sacerdócio, uma vocação abençoada, é um milagre! Ser avô é coroar um viver e um amar sem tempo, e sem medidas! E este novo exercício de amar fica tão mais urgente, tão mais sem tempo e sem medidas, que sufoca, quando parte de nosso peito, vindo de certo de algum recanto de nossas almas. O que distingue a experiência da paternidade, da experiência de ser avô é a quase inexistência da necessidade, do ser pai, em formar um novo individuo melhor do que a si mesmo e ter que zelar por ele diuturnamente. Um avô faz tudo isso, mas de forma atenuada, disfarçada em um não fazer! Com o nascimento do Juan, vou começar a reaprender, a re-amar, a bem querer alguém, bem mais do que a mim mesmo! Com a vinda deste petiz, irei me preparando para a vinda dos frutos de meu segundo filho, e certamente quando vierem, eu estarei mais bem preparado! – Se é que estamos preparados para amar! Por fim, com os olhos querendo marejar, com o pensamento se transformando em sentimentos que tentam se sobrepor, fico espantado e maravilhado com a vida... - Este rio continuo que não reflui, que está sempre a procura do mar... E quase em silêncio, um silêncio terno, balbucio: - Não é uma bênção que um homem tão falho, possa mais uma vez, pela terceira vez, se eternizar e chegar onde nenhum homem jamais foi? Comentário: "Onde nenhum homem jamais foi" é um belo final, intrigante, filosófico como um "só sei que nada sei". Só chegando à condição de avô se volta a ser pai, como nunca se foi. Dá para extravasar sentimentos, daqueles que pedem a existência do poeta. Como aqui o encontramos, a quem apetece e queremos deixar um abraço e... para bens! Outro comentário: Linda oração de agradecimento à vida!
20 - CIRCUITO FECHADO:
Se hoje fosse amanhã podia dar um título: Agosto. Começaria, assim: A gosto... Hoje ainda é o último de Junho, deixaste passar o Dia Da Amizade aí no Brasil, não sei se é Dia Mundial? Aqui, em Portugal, o Dia da Amizade deve ser noutra data? Nos Açores o Dia dos Amigos é bastante celebrado, é algures em Fevereiro. A nossa correspondência segue, sem o uso do “Caro amigo”, entrego-a a um exercício silencioso. Continuarei a escrever em “circuito fechado”, de mim para mim? Eu e a Despassarada amamo-nos, isso me chega, é o bastante. Posso deixar passar a afirmação sem a explicar, aplicando-a e pronto, já está, é verdade e não precisa de confirmação. Um autor não é dono e senhor da sua verdade? Sim, é verdade, mas é uma verdade que não vale nada... O autor precisa sempre da confirmação dos leitores, os verdadeiros escritores não precisam? Um verdadeiro escritor é aquele que precisa de escrever, alguém para quem a escrita é um vício! De definição em definição, mais umas cem páginas e terei escrito este “romance”. Está na altura de, o próximo capítulo ser o número 1, volto ao princípio. Primeiro vou confirmar... Confirmei, não escreveste. Nesta altura, o “leitor ideal”, aquele que acompanha o autor a par e passo, uma espécie de consciência paralela, já não se interroga sobre a realidade da nossa realidade, é tudo realidade, viva a ficção! De mim para mim, pouco me importo! Olho para a direita e digo, estou a olhar para a esquerda! Ambas as verdades estão presentes na afirmação, se olho para o meu lado direito, quem estiver em frente a mim vê-me a olhar para a minha direita, é a esquerda dele. Como eu também sou ele, aquele que me observa olhos nos olhos, bem de frente, tudo pode ser simétrico e igual e diferente, simétrico? A minha Despassarada é tudo para mim! As minhas conversas com ela preenchem o Universo de novos sentidos!!! Ela é exuberante, está sempre a acrescentar exclamações triplas, é uma criança? Sim, somos ambos apalermados, estou a habituar-me a essa inocência: gosto dela. Uma declaração de amor feita no deserto, Jesus rezando durante os 40 dias em que combateu o Diabo. Tenho de acabar esta viagem antes de 40 dias, mais é demais. Menos? Vou-me habituando a esperar calmamente a chegada ao final da página, depois sei que cheguei ao fim. Aceito a finitude com uma atitude filosófica perfeita, qual é ela? A aceitação? De modo nenhum, a atitude... deve ter algo de desumano, sem alma, não nos pertence. Somos uns seres esquisitos: “O homem é o único animal que distingue a água benta da água normal”, Augusto Abelaira deveria ficar nos registo da consciência coletiva como o autor que deu a melhor definição do Homem, mais ilustrativa do que esta outra: “O Homem é um animal simbólico”. Vou dar o número 20 a este capítulo, já não tenho a certeza de às quantas ando. Não penso outra coisa, voltar ao princípio. Deixar o 1 aparecer! E se a Despassarada achar que a minha declaração de amor foi exagerada, está sempre preocupada em não trair o namorado. Coitado dele, coitada dela. As pessoas são uns casos perdidos... Este “circuito fechado” é até fundir os fusíveis! Quando entrar em sobrecarga, o circuito rompe, fica interrompido. É só esperar o final da página, ir até ao último dia de trabalho. No primeiro dia da reforma “Estou desempregado”, pensa o operário? Isto é uma ópera para um mimo, calmamente ergue o dedo médio e olha para ele sem expressão. Espreita nele uma dimensão do símbolo em toda a sua amplitude, esquece a mão, o dedo e vira as costas ao seu público, eu. Mostro esta imagem como quem muda o slide, deixo aparecer no écran um grande retângulo iluminado. Apago o projetor, encerro a sessão. 21 - Caro amigo:
Vou anexar o que acabei de escrever, capítulo 20; acho que a escrita fala por si mesma, é o que é. Agora encontro o teu email, mais uma vez, na lixeira; graças à tua mensagem encontrada no Zap. Perdeste uma série de capítulos da "nossa correspondência"? Acontece... Voltando aos e-mails, tinha criado uma "regra" para os teus e-mails serem apresentado na "Caixa de entrada", a regra foi ignorada! O teu email não fala sobre a leitura do meu último email, deve ser essa a explicação para não teres tido pressa em responder. Não achas necessário dizer nada sobre o que escrevi, deves ter toda a razão. Isto para não dizer: tens toda a razão!Isto para não dizer: tens toda a razão! Ser tomado por alguém apresentado... Acabo de copiar o início do email, agora estou a escrever no Word. É um cuidado a ter, já me aconteceu perder emails quase escritos, apagados por um lapso qualquer. Aqui, no programa de texto, é muito mais seguro, mesmo que tudo se apague, fica possível voltar atrás e recuperar a situação anterior. Acabei de anexar no email o 20, a seguir anexarei o 21, este capítulo que estou a escrever. Nele tenho, vou ter, a matéria prima que me enviaste: EU JÁ QUIS SER OUTRO... Houve um tempo em que queria ser Apolo, Sua figura tão dispare da minha, incutiu-me tantos desejos... E a minha imaginação atiçava, pelo que via! Naquele tempo eu não me percebia, com os olhos com que me vejo agora! Benfazejo o tempo que me separa daquele desejo, tempo que me curou certas feridas... Tempo que coloriu a minha vida, fazendo outros sonhos em mim aflorar! Houve um tempo que ser Apolo eu queria, pois na minha mente havia fantasias que descarto fora... Não via que ser Apolo era desmerecer-me não dar valor à minha vida! Como é triste pensar-se outro, como se o que se é fosse demérito... Noutro dia vi Apolo chorar da mesma maneira que choro! Outro dia vi Apolo sorrir da mesma maneira que sorrio agora... Houve um tempo que eu queria ser outro, que não percebia nele o que percebo agora: Ele é tão igual a mim, sua diferença está apenas por fora! E ele tem seu calcanhar de Aquiles, como o meu que vez e outra aflora! Se somos tão iguais por dentro que importa as nossas diferenças de fora? Não há nada que eu possa escrever sob ou sobre o teu poema que me torne “outro” em relação a ele, nele sou eu o outro, o autor, tu portanto. Ah, sim, a compreensão é minha, deve ser do leitor, assim a deixo, entregue a quem nos ler.
22 - Caro amigo:
Só te mandarei os capítulos em falta depois de falarmos ao telefone, deste modo espero obrigar-te a ligar. A minha ideia é pedir que me leias um dos capítulos que agora te envio, em troca lerei um ainda em falta.
Leio os capítulos para a minha “leitora externa”, é um ótimo exercício, quero que possas também passar por esta experiência. Vais descobrir que a leitura nos abre a uma outra dimensão das palavras no texto, o tom da voz, a inflexão, etc.
Pensei escrever sobre a tua voz, verdade ainda só a ter ouvido uma vez, em dois telefonemas, interrompido o primeiro por falta de qualidade na ligação. Ainda não será hoje, o tema é bom demais para o esgotar todo de uma vez :)
Agora posso, com mais calma voltar ao teu email, depois de ele já ter alimentado dois capítulos. Com a sua releitura irei concluir este terceiro capítulo, volto já... irei reler como se estivesse a ler pela primeira vez, compenetrado!
Compenetrar... não é coisa que se faça a um amigo, estou a ler e é como se estivesse distraído. Vou mandar o conto de que te falei
Interrompi neste ponto, fui tomar o pequeno-almoço, estava com fome, soube-me bem. Pensei acrescentar sobre o Dia dos amigos nos Açores que é um feriado (acho que chegam a dar tolerância de ponto) móvel, marcado em função da data do Carnaval, também ela móvel.
Lembrei mais alguma coisa, distraí-me e devo ter engolido a ideia já nada sobrando dela. Tenho sim o teu email!
Antes de voltar a ele irei pensando, nos meandros do estar a escrever, como vejo eu a ideia de fazer do capítulo 23 o envio da crónica/conto pela qual já perguntaste. Parece-me boa ideia, o número vinte e três juntando o dois com o três dá cinco, numerológicamente falando, é bom para qualquer coisa!
Acho que numerológicamente, sendo palavra esdrúxula, não leva acento. Gosto de ver aquele ó bem aberto, como se lhe tivesse rachado a cabeça com um machado e lá o tivessem deixado. É excessivo? Parece-me que sim, o machado não se importa, deixo lá ficar o acento.
«Tencionei começar o meu dia abrindo portas e janelas, colocando à mostra o mundo para as minhas cortinas... Pois, a escrita até aqui exposta encheu-me de outras forças!»
A Despassarada vai gostar desta passagem de teu email, vou tentar mandar-te uma imagem que ela me mandou num de seus emails. Por mim seria uma boa imagem para a capa de um livro, não faço ideia. Isso iria depender do título, dos significados a atribuir à imagem. Eu gostaria, permetir-me-ia dedicar este “nosso livro”: à Despassarada!!! Tu também podes colaborar juntado uma dedicatória: a Meu Pai! Tendo o cuidado de pôr o Meu em maiúsculas, para não se confundir com o Pai de todos os carentes crentes.
Mais uma palhaçada franciscana, provavelmente a tua dedicatória seria ou será para quem está viva e te apoia todos os dias: a minha Mulher. Este minha em minúsculas para garantir a posse, a privacidade.
São assim as palavras, elas transportam em si a capacidade de representar o mundo, as coisas, a pessoa por inteiro...
Seguramente encontro no teu email outras boas passagens:
«Tanto no email anterior como neste, uso como título Mingau das almas, que na verdade é o título de um livro de poemas do autor Vieira Vivo, daqui São Vicente, localidade litorânea, em São Paulo, para tentar dar uma ideia do que vai aparecendo em nossa correspondência, uma mistura do que vai dentro de nós, que por tão densa existência, pode ser tocado, sentido...»
Agora a Despassarada vai dar-me o Parabéns! É um parágrafo cheio de referências vivas, com uma geografia impactante, adiante.
Palavra do dia
a·di·a·fo·ri·a
(grego adiaforía, -as, indiferença)
nome feminino
1. [Filosofia] Indiferença originada pela impossibilidade de atingir ou compreender a verdade. = ACATALEPSIA, ADIAFORISMO
Grande abraço!_!
23 - CONTO:
Hoje acordei com uma história que vou contar deste modo, como conto. Faz parte da “história” de um homem que está a envelhecer, nesse processo, dá conta de estar a perder capacidades. Uma delas, a memória.
Vou contar a história em direto, no momento, na primeira pessoa, tentando ser a pessoa que conta a história. O que cria logo a sensação de poder não ser essa pessoa, não interessa, é este o processo... da ficção.
Acordei a pensar numa situação que estava a acontecer, estava numa sala, não sei onde, hoje, agora, no momento...
Desconheço de todo o lugar, a sala, não é importante para a história. A história é sobre a perda da memória, quem é o homem que fala, o que diz ele?
Lembro-me que a certa altura vira-se para mim e diz da forma mais descarada:
Vejo que está a ler um livro, podia ser seu, é o fulano (diz o meu nome).
Estive para o cumprimentar, lembro-me de si. Peço desculpa, não me lembro de um nome e de tudo o resto. Já não sei onde, nem quando, como nos conhecemos?
Neste momento acordei e a história perde-se, acaba. Fim.
Sem a querer acabar, vamos ver se escrevo mais alguns parágrafos. Quem pode ser o homem desta história de quem não consigo lembrar o nome, nem mais nada. A não ser que nos teremos conhecido.
Numa sala onde ele está e eu estou, ele fala, alguém o ouve. Alguém desse alguém (coletivo), alguns... sou eu, até ao momento em que se me dirige. A partir desse momento, passo a ser só um (eu). O sítio, o lugar, continua a não ter importância, dele nada lembro, nem de mais nada, nenhum objeto, mesa, cadeira, porta, nada.
Ficamos com a fala inicial (dirigida à minha pessoa):
Vejo que está a ler um livro, podia ser seu, é o fulano (diz o meu nome).
Quem pode ser o fulano? Não eu, o dono da fala. Não faço ideia, pois se já disse não me lembrar do nome, também não me lembro de mais nada. A não ser... lembro-me daquela pessoa que falou para mim, disse o meu nome, desculpei-me de ainda não a ter cumprimentado, dando como desculpa não me lembrar do nome. A verdade... não me lembro de nada.
A pessoa é um homem que já não é novo que, se não entrou, está a entrar na “terceira idade”. Agora sim, como não lembro mais nada do personagem nem sei se tem óculos ou usa barba, deixo de ter mais história. Fim, agora de forma irremediável.
De forma irremediável? Ainda não, mais uma vez vamos continuar, remediando? Deixemos de lado o personagem de quem não me consigo lembrar, viremo-nos para a pessoa que escreve. Esse, este personagem, está sempre presente.
Continuo porém interessado no personagem de quem nada lembro, aquele que se me dirigiu de forma descarada... (sem cara? Se desgraça é sem graça...)
Ele, na sua fala, parte do princípio que sou escritor. Terei escrito um livro, na opinião dele... poderei ter escrito mais de um. Aqui está o ponto da questão, ele deve estar enganado na pessoa, eu nunca escrevi livro nenhum.
O engraçado (ou triste) da questão é que eu disse ter estado para o cumprimentar porque, sem me lembrar do nome, nem onde nem quando o terei conhecido, havia-o reconhecido. Apenas... já não me lembrava de mais nada, reconheci a pessoa sem me lembrar de nada do que vai para além do imediato ato, gestos e fala. Pronto, o conto acaba por si....
10 e 13.07.21
Tradução Google:
Cuento
Hoy me desperté con una historia que voy a contar de esta manera, como la cuento. Es parte de la "historia" de un hombre que se está haciendo mayor, en el proceso, se da cuenta de que está perdiendo habilidades. Una de ellas, la memoria.
Voy a contar la historia en vivo, en este momento, en primera persona, tratando de ser la persona que cuenta la historia. Lo que pronto crea la sensación de no ser esa persona, no importa, este es el proceso... de ficción.
Me desperté pensando en una situación que estaba pasando, estaba en una habitación, no sé dónde, hoy, ahora, en este momento...
No conozco todo el lugar, la habitación, no es importante para la historia. La historia es sobre la pérdida de memoria, quién es el hombre que habla, ¿qué dice?
Recuerdo que en un momento dado se volvió hacia mí y me dijo de la manera más descarada:
Veo que estás leyendo un libro, podría ser tuyo, es el tipo (dice mi nombre).
He estado saludando, te recuerdo. Lo siento, no recuerdo un nombre y todo lo demás. No sé dónde ni cuándo, ¿cómo nos reunimos?
Ahora mismo me despierto y la historia se pierde, se acabó. Fin.
Sin querer terminarlo, a ver si escribo unos cuantos párrafos más. ¿Quién puede ser el hombre en esta historia no puedo recordar el nombre de o cualquier otra cosa. A menos que nos hayamos conocido.
En una habitación donde él está y yo, él habla, alguien lo escucha. Alguien de este alguien (colectivo), algún... Soy yo, hasta el momento en que te diriges a mí. A partir de ese momento, solo soy uno (yo). El lugar[...] todavía no importa, no recuerdo nada, ningún objeto, ninguna mesa, silla, puerta, nada.
Tenemos el discurso inicial (dirigido a mí):
Veo que estás leyendo un libro, podría ser tuyo, es el tipo.
¿Quién podría ser el tipo? Yo no, el dueño del discurso. No tengo ni idea, porque si dije que no recuerdo el nombre, tampoco recuerdo nada más. A menos que... Recuerdo a esa persona que me habló, me dijo mi nombre, se disculpó por no saludarla todavía, dándola como excusa para no recordar el nombre. La verdad... No recuerdo nada.
La persona es un hombre que ya no es joven que, si no entra, está entrando en la "vejez". Ahora, como no recuerdo nada más del personaje ni sé si tiene gafas o lleva barba, ya no tengo más historia. Fin, ahora irremediable.
¿irremediable? Todavía no, una vez más, sigamos adelante, ¿lo siento? Dejemos a un lado el personaje que no recuerdo, volvamos a la persona que escribe. Esto, este personaje, siempre está presente.
Pero sigo interesado en el personaje que recuerdo, el que se dirigió a mí descaradamente... (sin cara?...)
Él, en su discurso, asume que soy un escritor. Habré escrito un libro, en su opinión... Puede que haya escrito más de uno. Aquí está el punto del asunto, él debe estar equivocado en persona, nunca he escrito ningún libro.
Lo gracioso (o triste) de esto es que dije que lo estaba saludando porque, sin recordar su nombre, ni dónde ni cuándo lo habría conocido, lo había reconocido. solamente... Ya no recordaba nada más, reconocía a la persona sin recordar nada que vaya más allá del acto inmediato, los gestos y el habla. Bueno, la historia termina para ti...
24 -
Agradeço a mensagem oral, recebida! Anexo "23" e foto.
Sem outro preâmbulo, temos mais um capítulo.
Começo novo – vamos ao 24 » 2+4 » 6.
O “23” levou aspas, tinha-o guardado, gravado na memória do pc como “CONTO”. Não vou repetir esta situação, fazer de um capítulo uma presença literária de um autor alheio ao “meu autor”.
Como ele aconteceu, falemos dele. Tem uma particularidade que o torna particularmente interessante, obriga o leitor a ler duas vezes o mesmo texto, em duas línguas distintas.
Caso domines o espanhol, na segunda leitura há um efeito curioso de “dejá vu”, o texto é diferente mas é o mesmo. Deixou de ser – o mesmo?
Quanto à foto, ilustra esta escrita feita para a Despassarada, numa obra “Despassarada”!? Neste momento, se pegasse em todos os capítulos e os juntasse, nomeá-la-ia: DESPASSARADA.
Uma particularidade, pensei um final: unir o 23 ao 100 (5x20=100)? Tudo começa nesse conto, nesta nova leva de uma escrita desenvolvida como um Diário para uma amiga Despassarada a quem dou a conhecer o “meu autor” que estou a gostar de descobrir, conhecer, ter como parceiro.
Na tua gravação dizes opores-te à adiaforia, fazes muito bem! É a “Palavra do dia” no dicionário da Priberam, onde a encontrei.
Agora volto ao dia de ontem, para continuar esta crónica.
Nós somos uns seres surpreendentes, estamos sempre perante a possibilidade de algo nos surpreender. Surgiu a “articulação mental”, em vez de falar, o que podia deixar-me numa situação delicada... sentei-me num muro, tirei um caderno de argolas de saco a tiracolo, tamanho A5, uma esferográfica: heis-me aqui/assim.
Tenho por companhia uma saco com frutas, gozo uma calma e tranquila tarde de Verão, estou a meio caminho entre um supermercado e a minha casa, uma fração, um andar ou um flat como usam dizer no Brasil.
Vou seguir viagem.
Chego a casa, está a amiga a chamar-me ao telefone. Adotou o nome de bando de pássaros em debandada! Despassarada. Tem um “chmart fone”, “smart fone” em inglês, deve ser do Taiwan, da China, quase de certeza será do Oriente.
Invenção completa, para brincar com a língua, sua(s) pronúncia(s) e palavras usadas, no país onde uma fotocópia é xerox.
Dei-me mal com o telefone, o telemóvel “smart”, o abrir uma possibilidade prática de falar com o “meu autor”, ele nada diz.
Damos mais uma volta à história, conto uma história desta história. Ontem, a meio da noite, pelas 5h da manhã, acordei. Fui à cozinha, bebi água, resolvi comer uma maçã sentado na sala-de-estar.
Escrevi, mandei email, até hoje nada de haver registo de receção do mesmo. Beleza!Cá estamos a dar mais uma volta na história...
Antes de sair de casa, deixei no dia de hoje, ainda bastante despido de escrita o que passo a citar:
«
Não foi bem um sonho, mais me pareceu ter acordado com uma ideia. Não escrevi logo, agora começa a ser uma ideia distante. Deixo a deixa para ir buscar um conto, conto:
“A realidade mata a ficção”? A ser verdade, estava condenado à nascença! Aliás, toda a vida está condenada à nascença. Salvam-se os que alimentam a crença!!! Este foguetório é só para lançar canas no ar, fazer estrondo e efeito visual!
Caro amigo,
Vou de seguida confirmar ter mandado email ao qual o amigo não deu resposta, estarei enganado? Duvido.
Aproveito, envio a crónica/conto para a qual hoje comecei fazendo introdução, trabalho concluído.
Com os meus melhores cumprimentos, subscrevo-me
Francisco Coimbra
»
Fim de citação, conclusão.
O homem que usou um heterónimo
25 - EPÍLOGO:
Não poder eu ser ela e ela ser eu? Despassarada... Desculpa-me passar os dias a pensar em ti! Ao ponto de só parar hoje, por ter chegado Agosto. A gosto... Agosto. Escrever uma carta sobre a paixão, pode-la viver intensamente! O que nenhum leitor sabe!? Talvez um bruxo pudesse intuir que se algo quer ser o que não é, tem de se fazer passar pelo que não é. Não é!? Eu sou mulher com muito prazer e uma forma própria de o dizer: como um homem.!. Seria altura de escrever um palavrão mas, sendo eu contida, líquida como a água onde se move o peixe que na água respira, acabemos de escrever este aquário redondo, de vidro, transparente! Falta-nos o nome desse homem que penei por ser, será meu pseudónimo. Te abraço à distância, com ganas de te amar. Meu amor, com muito carinho, Jesus Cristo Com uma carta envio a minha alma neste primeiro dia do mês! Não sei ao certo se ela pode ser compreendida? Como ter a certeza de uma coisa que, a acontecer, terá lugar na consciência alheia? Durante muito tempo, de agora até ao infinito, espero me leias e procures a minha verdade! Eu sou como os pássaros, vou no vento e, em cada movimento, ao voar, desloco-me no ar. O mesmo que respiramos, sem meter a cabeça na terra, na água ou no fogo! Somos seres aéreos, eu e tu vivemos o sonho dos pássaros, sem saber qual seja, uma semente!?... A crónica de cada momento, tem a semente de uma ideia, de muitas ideias!!! Hoje acordei e ia falar com a minha médica que me anda a tratar do Alzheimer, diz que estou boa! Eu, claro, como sou boa, cordata, não a contrariei. Mas, enquanto ela falava, descobri que já nem sabia ao certo, o que faço aqui? Quem é ela? Como se chama? Sim, ando a tratar-me, se ela no final desta conversa resolver dar-me alta: curou-me! Irei à “terra santa”, pode ser seja atingida por uma bomba atirada em Jerusalém? Vamos além, se descobrirem que no atentado voltaram a matar um Jesus Cristo, a notícia correrá mundo e talvez a minha vida tenha servido para alguma coisa. Como calculas isto não é mais que a expressão de uma realidade cuja ficção não se fixa, move-se, até se imobilizar por fim. FIM “Palavra do dia” epílogo Significado de Epílogo substantivo masculino Final do texto; conclusão de uma narrativa literária que traz um resumo dos acontecimentos mais importantes que nela ocorrem.[Por Extensão] Desfecho; a conclusão de quaisquer acontecimentos e/ou circunstâncias. Momento em que há um resumo e/ou o término da ação numa peça teatral. Etimologia (origem da palavra epílogo). Do grego epílogos.ou. Deixo bem claro: só uma mulher chama a um homem “meu”, deixei isso bem claro, fui sempre eu! Algum dia tinha de criar um pseudónimo? Como não havia de me lembrar dessa possibilidade?... [Quem é a palerma incapaz de guardar os emails que recebe? Apesar de dizer gostar muito de os ler! São para esquecer... Eu, o teimoso, guardei-os e volto a dá-los a ler, Jesus Cristo] Jesus Cristo, o histórico, era um teimoso, ninguém lhe tirou da cabeça ser filho de Deus. Adeus! (À) JEROPIGA O inventor da jeropiga cor-de-rosa, não ensinava nem aos filhos a sua fórmula secreta! Já tinha uma grande barriga e via mal, caso raro a opor ao dito popular de ter mais olhos que barriga. Depois de descobrir uma pomada muito apreciada, não se sabe de mais nada por ele feito. Com efeito, gabava-se de não fazer nada. Um dia a mulher saiu e não voltou, dizem as más línguas que terá fugido com um saltimbanco. Algo tinha de acontecer e aconteceu, tanta jeropiga bebeu que ficou cor-de-rosa e morreu vermelho que nem um pimento com uma apoplexia. Sobrou uma garrafa de jeropiga da pinga que só ele sabia fazer, os filhos brindaram e encomendaram a sua alma. Antes de acabarem a garrafa descobriram haver dentro dela algo mais que a bebida, uma folha enrolada protegida dentro de um saco de plástico. Quando leram a mensagem do pai, beberam à jeropiga que ia continuar na família!
26 - ATRAVÉS DO ESPELHO...
Avanço no limiar deste dia, lançando fora algumas amarras…
Do cobertor pesado, às roupas pesadas, e círculo lépido pelo quarto, corredor e sala…
A noite fora fria, de uma escuridão espessa…
Dentro de mim, mil serpentes e mil fantasmas!
De repente eu me vi desnudo e em pelo, com a alma quase à mostra, assustada!
Andei por outras terras, em outros olhos, em outro coração, com diferente noção de espaço e de tempo…
Aqueles olhos estrangeiros tomaram por meta os meus passos iniciais, de escrita e de fala, e salteando nacos de tempo, foi se achegando ao que escrevo e sinto agora.
Como se o que escrevo fosse dar conta de mim mesmo, quando o que escrevo é apenas aquilo que me encanta, aquilo que me espanta, aquilo que me faz calar…
Eu que andei a esmo por tanto tempo, tenho agora âncora lançada, e firme no meu porto, vislumbro o horizonte, onde o céu é da mesma cor do oceano, onde a minha percepção me escapa…
Parado que estou, entre o que fui e sou, estou frente a frente com um espelho.
De repente a minha figura não é como eu me lembrava…
Onde os cabelos?
Os dentes brancos?
Alguma carne nos braços?
E aquele brilho nos olhos?
Foram-se todos, estes atributos, com o tempo!
O que me move nestes instantes de fuga das amarras, é que durante a noite dormiu comigo as lembranças da fala de um amigo distante…
Não apontaram em mim, erros graves, nem me exaltaram as suas palavras; antes conversando comigo, proporcionou a mim instantes de fala e outros de silêncios, em dado momento cobraram-me mais atenção, e se ressentiram de uma companhia mais presente…
Na noite, a pouco finda, e memória tornada, um tanto insone, por mil serpentes e mil fantasmas, como já disse, habitada, a presença amiga, daquele amigo distante, estendeu-me as mãos, e para o meu apoio os braços…
Lembro que caminhamos pari passo por meus caminhos já trilhados, lembro que estivemos juntos no tempo em que duraram os pensamentos um do outro…
E estes elos de amizade, elucidaram o mistério de minhas correntes…
As do pescoço, as dos tornozelos!
Não há bem ou mal, no passado...
Neste instante em que desnudo, tenho a mim mesmo diante do espelho, à pergunta que eu próprio me fiz respondo… - Apenas responsabilidades!
Assim, sou agora responsável pela liberdade que antevejo diante dos olhos…
Como serei responsável ao escolher entre lágrimas nos olhos, e sorrisos largos na face!
De repente tudo me salta fresco e puro… Instantes mágicos…
Onde eu estive este tempo todo?
Que só agora dou conta de mim, mais positivamente e mais grato!
Estava no deserto de silêncios entre as gentes que passam… E porque passam não olham fundo para os olhos da gente…
Estava no deserto cheio de miragens, daquelas que dizem o que deveríamos ser, em detrimento do que trazemos dentro de nós!
Estava numa seara, onde bebia e comia sem degustar o que comia, sem realmente beber o que me descia garganta abaixo…
Estranhamente, sinto, tocando com as pontas dos meus próprios dedos, a minha própria face, que o que sempre desejei foi ser tocado, e tocar em troca… Era ser acariciado, e acariciar em troca…
Era falar, e ser ouvido…
E ouvir com alegria e contentamento!
A minha atenção foi direcionada, pelo meu amigo distante, para mim mesmo, assim mesmo, aqui tão perto, e tão negligenciado…
Deve ser coisa de língua, de código!
Não se pode olhar a si mesmo, ou a outros se não houverem pistas…
-Embora indícios de tudo já coexistam no vácuo!
Talvez seja este o mistério dentro da amizade: Captar do nada a essência do outro!
Nem tenciono magoar-me com o tempo, por ter levado tanto tempo para encontrar-me comigo mesmo, e arrazoar que não há bem, nem mal no passado…
E que apenas são um amontoado de coisas que não podem ser mudadas!
Que bom que a amizade, mesmo distante, trouxe estes sentimentos à minha alma até então atormentada…
Eu devia ter lido melhor, com mais atenção Alice através do espelho…
Se eu mudasse as minhas bases, não seria mais este que assim pensa, e assim sente!
Assim mesmo, desnudo, diante do espelho, com as meninas dos olhos, marejados, mas focadas em destinos mais a frente!
Enfim devo ter chegado, mais perto, para além da linha do horizonte, para além do Bojador!
-Quem sabe da boca de meu amigo distante, e não imaginário, cuja luz dos olhos propiciou a mim ver melhor as minhas próprias correntes, eu ouvirei:
-Vai segue em frente, é Assim Mesmo que se escreve uma história, buscando nos mesmos velhos signos novos significados!
Tiro as pontas de meus dedos do espelho e vou ao banho… A natural fluidez em suas águas dá sinal de movimento…
Eu entendo, agora eu entendo; em tempo algum, nada será sempre o mesmo!
27 - Meu caro:
Acabo de criar o “26”, temos... mais um capítulo!
É integralmente teu, o que torna a missão do leitor, principalmente se for externo, difícil. Para facilitar a missão de saber quem pretendo eu, o narrador, que seja o autor desse capítulo, ele leva um nome associado ao número. Quando isso acontecer, pertence ao “meu autor”.
Tenho de falar de um capítulo que ainda não fiz, não o separei, não criei... vai ser o “25”. Depois de o criar vou ter de falar dele? Talvez não.
Foquemo-nos no “26 ATRAVÉS DO ESPELHO...”
Tenho uma história, vou agora contá-la. Os espelhos são, usualmente, vidros onde são colados uma superfície refletora, onde captamos a imagem do que lá se reflete. A maior parte das vezes, a nossa, quando nos vamos ver... ao espelho.
O teu título leva-nos a revisitar a Alice, a tentar segui-la, sem estar à espera de encontrar o seu criador, antes a criatura. Neste caso, a criatura volta a ser um criador, o meu amigo! O meu amigo, uma Alice? Uma Alice Avô?? Não joga bem??? Uma das funções da linguagem, a referencial, está permanentemente em jogo na ficção, toma as mais diversas funções, é completa e exclusivamente... tautológica. Tau! O “Tau”...
«Tau /tɔː, יtaə/[1] (maiúsdia Τ, minúscula τ; O grego: ταυ [taf]é a 19ª letra do alfabeto grego. No sistema de numerais gregos tem um valor de 300.
O nome em inglês é pronunciado /tais/ ou / tɔː/,[2] mas em grego moderno é [taf]. [3][4] Isso ocorre porque a pronúncia da combinação de letras gregas αυ mudou dos tempos antigos para os modernos de um de [av] ou [af], dependendo do que se segue (ver ortografia grega).
Tau era derivado da letra fenícia taw (?). [5] As letras que surgiram de tau incluem Roman T e Cirílico Te (Т, т).»
Pronto, já usamos mais de uma vez o dicionário, chegámos a uma enciclopédia: Tau - Wikipédia (wikipedia.org).
Sigamos Alice... Neste momento o leitor deve ter a possibilidade de voltar atrás, olhar o que já leu no capítulo anterior? Pois... vai usar a memória.
Uma vez li um livro “um dos livros da minha vida” onde alguém esteve a colecionar as primeiras páginas das obras que o terão mais impressionado, é uma ideia de sonho! Gostei demais do livro, deu-me a cultura no seu estado mais puro: em catadupa, aos montes, aos saltos...
A leitura deve ser uma coisa física, sentida com todos os nossos sentidos. Se ela nos deixa ficar, pachorrentamente, a ler um livro... algo está a falhar!
«Avanço no limiar deste dia, lançando fora algumas amarras…Do cobertor pesado, às roupas pesadas, e círculo lépido pelo quarto, corredor e sala… A noite fora fria, de uma escuridão espessa…»
Já estou a criticar o teu texto, lançando um olhar crítico!? Nada disso, tento mostrar que a prosa pode e deve desenvolver-se como um poema, criando o seu próprio ritmo.
Depois de o fazer, devo dizer que me transportei, estou com o autor, sou o autor, aconchego-me em cobertores (apesar de aqui estar nu, em pleno Verão).
«De repente eu me vi desnudo e em pelo, com a alma quase à mostra, assustada!» emocionante, adiante.
«O que me move nestes instantes de fuga das amarras, é que durante a noite dormiu comigo as lembranças da fala de um amigo distante…», comigo seriam sempre comigo as lembranças e eu escreveria “dormiram”. Conhecer um autor é encontrar as suas particularidades “dormiu”, com quem dormiu o autor? Com a alma, claro!
A gramática que é livre... na poesia, também na prosa o é; essa liberdade transporta consigo a poesia?
“Ó alma que vais tão alta/ redonda como um tamanco”, hei-de ver se encontro a última vez que me confrontei com a minha memória e voltei a esta quadra popular. Tomo esta nota mental, escrevo-a e veremos se a ela votarei.
Íamos em «O que me move», passemos a:
«Neste instante em que desnudo, tenho a mim mesmo diante do espelho, à pergunta que eu próprio me fiz respondo… - Apenas responsabilidades!»
Demos mais um mergulho... Mergulhemos num final maravilhoso, digno de um reencontro com a Alice! Disse.
«Eu entendo, agora eu entendo; em tempo algum, nada será sempre o mesmo!»
28 -
Para não demorar a responder, anexo 26 e 27. Vou continuar a ler, voltar aos capítulos anteriores. Mandarei os que estejam em falta.
«Um centímetro, o infinito. Os atletas da velocidade correm para chegar próximo do zero. Os atletas do triplo salto vivem para chegar perto do infinito. Os Jogos Olímpicos são o pináculo de vidas que se frustram ou se transcendem por causa de um segundo, por causa de um centímetro. Patrícia Mamona disse-o na entrevista que deu há duas semanas ao Expresso: “Para mim, um centímetro são cinco anos de trabalho” (se não é assinante pode ler um excerto aqui). Agora, imagine-se a trabalhar todos os dias para a perfeição, a deitar-se anos a fio às 22h30, a comer uma dieta prescrita, a viver para a perfeição, e a nunca estar satisfeito com o resultado: “O sucesso é algo inalcançável”. Esticar os limites num centímetro é passar um centímetro do que é humanamente possível.»
Em boa verdade não estou interessado em ser um criador, recrio-me com a possibilidade de criar um autor? Vários?? Muitos??? Onde é que alguns passam a ser muitos, onde continuam alguns, onde são poucos? Esta é a minha zona...
Na transcrição que fiz nem procurei quem é o autor, nem sei. O texto deste autor foi-me enviado por uma editora que, deste modo, faz propaganda ao autor. Deste autor, trago para mim, para os leitores... para quem quiser encontra uma ideia e a forma como a mesma é apresentada.
Cá estou eu a “ensaiar” uma nova coisa, sem fazer dieta, vou almoçar.
Eu devia citar a Despassarada, como ela citou Caetano Veloso, fica a citação: "De perto, ninguém é normal", coisa que muitos já perceberam, alguns terão mesmo dito. Disto não tiro felicidade nenhuma? Toda, mesmo sem dar grande importância, é de infinita importância.
Volto, trago nova citação:
“Arte de rua do sem-teto, que todos os dias se senta ali.”, gosto de provar do que dou a provar. Esta é a legenda de uma foto onde está uma pintura mural bem grande, com o sem-teto junto da pintura onde ele está representado. Acredito que foi aquele sem-teto que fez um auto-retrato? Não é suposto dar uma resposta, a pergunta, as perguntas, mesmo as que faço a mim mesmo, muitas, são para ser lidas/ respondidas em exclusivo... pelo leitor. A leitura é a resposta que eu próprio procuro, é uma pergunta: porque motivo devo responder?
Respondo apenas à necessidade de fazer perguntas e dar como resposta a escrita, “é bonita, é bonita”... siga a banda, deixa a música passar!
Queria acabar esta página, fazer mais um capítulo, trazer de novo a minha conversa com o autor, um outro, não necessariamente eu, forçosamente um eu!
“Meu caro, vou almoçar, depois vou sair, aproveitar o bom tempo. Depois, com calma, hei-de responder às questões que levantas e fazem com que eu vá alimentando a escrita que vamos mantendo”
De citação em citação até não ter mais que transcrever? Está-se a ver... tenho de dar a ler alguma questão que tenha de responder:
“Caro amigo, como a voz faz a diferença, seja pelo tom, seja pela postura vocal, seja pelo que extrai de dentro de nós, e acrescenta ao que se diz... Encantei-me uma vez mais, o nosso Campo de Girassóis ficou lindo demais”
Acrescento ao texto um sublinhado, para sublinhar a gentileza do autor. Aproveito para relembrar Gentileza, conheceu, ouviu falar deste personagem das ruas do Rio? Gentileza teve, Gentileza se chamava.
Quero voltar a falar do capítulo 18, essa é a natureza deste texto “sem princípio nem fim” onde tudo começa no princípio e há-de acabar no fim porque “nada de humano me é estranho”.
Vou confessar, as citações, se não temos muito boa memória, às vezes pregam-nos partidas... Já não tenho a certeza em “estranho”, já não arrisco o autor, risco. Não o risco da Censura, não pretendo ser censor de coisa alguma, embora sempre vá sendo. Quanto mais não seja ao omitir coisas que não emito ou imito, coisas que ficam por dizer?
O autor disse-me coisas bonitas, vão ver:
“Aqui noto o tom de respeito ao texto, e a sua valorização, posto que se pretende uma leitura mais atenta, um submergir em suas profundezas, em busca de possíveis mistérios... A sua fala, meu amigo, vem ao encontro de meus pensamentos, que dizem respeito à presença da poesia em tudo... Para mim a poesia não está nos esquemas e fórmulas com que as poesias são escritas, mas naquilo que pretendem dizer, ou dizem”
Agora estou feliz, vou sair.
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Longo código, para aceder à pintura com o sem-teto e a sua pintura? Vamos ver...
29 - DESDE LOGO:
Cambaleio até à cozinha, abro o frigorífico, bebo um gole fresco de vinho branco, preparo um papo-seco com queijo e mel. Não tarda, estou aqui, sentado na sala, escrevo para ti, para mim?
Disseste ter uma biografia do Gentileza, por gentileza, manda-a. Adoraria saber mais sobre esse filósofo!
Uma expressão “desde logo”, uma ideia de tentar obter uma biografia. Um texto, para começar, para existir, não precisa de mais do que estas duas condição, mesmo se uma delas é suficiente, as duas são necessárias.
Gentileza acabou ficando um velho que trajava de branco e andava nas ruas do Rio com um cartaz “Gentileza gera gentileza”, não usaria a exclamação, deveria ser contra qualquer forma de violência.
Gentileza era a reencarnação do gato da minha vizinha que parece ter paciência para passar a vida a dormir no colo daquela grande mulher, ela prefere sentar-se no balcão da sua casa a olhar quem passa, dando bons dias de manhã, boas tardes de tarde e boas noites à noite.
O gato, pode ser uma gata, está sempre a levar festas e parece não se importar! Eu acabaria por a arranhar, teria de fugir e ir caçar ratos. Um gato domesticado, aprende a viver com os donos.
Gentileza atravessa a rua com o seu cartaz, traz uma flor ao peito. Não a reconheço, é bonita e vistosa, quanto tempo aguentará ela aquele viço? Sigo-o, até o ver sentar e pergunto-lhe:
“Posso-me sentar aqui, ao pé de si?”
“Por gentileza...”
Sento-me, penso na minha vizinha, deixo-me ficar a ver “a banda a passar”. Não se passa nada, não espreito o Gentileza, julgo estar a imitá-lo na perfeição. Dou atenção a uma mãe bonita que dá a mão a um menino refilão, ali encontro um bom motivo para reflexão enquanto estiverem no campo de visão. Depois disso, talvez me levante e passe do Gentileza para uma “caça à beleza”.
Porque será que uma mulher bonita tem de aturar uma criança chata? A vida está cheia de ingratidão!
Gentileza não diz uma palavra, a mulher vira uma esquina, a criança é a última coisa a desaparecer naquele ângulo reto entre o passeio e um prédio alto que não se move e continua ali. A mulher desaparece, mas a sua imagem parece cada vez mais nítida. Aproxima-se, apresenta-se, abre um banco portátil desdobrável, senta-se olhando a três quartos, pergunta “Assim estou bem?”, “Sim”.
Começo a desenhar o seu perfil, captando a beleza do traço do seu nariz, a ondulação das sobrancelhas, a forma do cabelo e depois as cores. Sim, as cores, há algo de misterioso, a sua beleza está longe de se esgotar nas formas.
Gentileza emana uma tranquilidade que não engana, é um profeta! Não diz nada, pela simples razão de nada precisar de dizer.
Lembro-me de lhe perguntar:
“Tem sede?”
“Não”
É como as cores para o rosto da mulher bonita, como misturar as tintas para obter a gentileza do Gentileza naquele Não tão acertivo, ao mesmo tempo meigo, forte mas cheio de ternura? Quem ele pensa que eu sou!? Pois, ele não tem de pensar nos outros, basta sentir o que é?
Estou ali ao lado dele a pensar fazer o retrato de uma beldade, não passo de um despassarado...
Gentileza, passado um bom bocado, voltou a falar.
“Quando tenho sede, vou àquele restaurante, indica, do Sr. Manuel. Geralmente espero ter também fome, ele faz questão de sempre me oferecer algo para comer. A maior parte dos dias mato a sede comendo, peço-lhe a sopa da casa. Sempre boa, nunca muito quente, nunca fria. Tem o segredo da temperatura certa, acerta com o meu paladar até na temperatura. Por momentos, naquele momento, sinto-me feliz como um menino. Por esse motivo, vou aguentando. Quando acho que chegou o momento, penso que levo no meu rosto o agradável que é ambicionar a comida que ele me dá.
Agradeci-lhe a informação, despedi-me e fui tentar entrevistar o Sr. Manuel.
Quando cheguei ao restaurante não foi difícil encontra o dono vestido de avental branco, de costas direitas, calvo, de cara simpática, voz de baixo: “Deseja uma mesa?”
30 -
Caro amigo,
Teu email chega, encontro-o, quando me preparava para desligar o pc. Assim, de repente, vou fazer mais três capítulos; espero que antes do fim de Agosto tenhamos a obra concluída. Basta ter um capítulo teu e conseguir fazer a minha parte, acompanhar a sua arte.
Por vezes considero o português falado no Brasil muito suave, hoje estive entretido a ouvir uma história do Brasil encontrada no Youtube.
Neste capítulo vou enviar poema que fiz há pouco, mando foto que encontrei na Net. A inspiração não precisa que respiremos fundo, embora o agradeça!
PLANTADA
o poema cresce nas árvores
porque é um fruto suculento
onde há mistérios feitos
das suas sementes prontas
para amadurecer na terra
onde dão rebentos novos
e despontam as esperas
ao mesmo tempo crescem
raízes que prendem a planta
no chão onde fica (plantada)
é parecido contigo amor
quando ficas plantada
à minha espera porque eu
fiquei a olhar o movimento
lento das nuvens no céu
pinto-te com a leveza
dum sonhador esperto
como o eucalipto verde
libertando seu aroma
semelhante à liberdade!
a poesia é uma espécie
de magia que tem o condão
eficaz de nos dar a Paz
ou eclodir em Guerra
se a insensatez a fez!?
“Era uma vez...”
«E assim ( re ) torno meus olhos ao seu “Epílogo”, onde aquilo que parece findar é de fato um recomeço»
Outros olhos, trazendo um outro olhar, tudo enriquecem se acrescentam; a compilação de teus emails seriam/são uma outra visão do tempo...
A foto e este poema formam um encontro, como se o poema pudesse ser uma leitura nascida de uma imagem.
Nem como “nota à margem” fica esta simples e breve resposta. Já tinha escrito o “capítulo” para o dia de hoje, vamos ver como fica a surgir depois deste 30 e teu 31, 32 será. Abraço!_!
31 - AGOSTO...
Antes:
- Está frio lá fora!
- Não gosto muito do inverno daqui, frio e úmido... Parece que resfria a gente por dentro, dos ossos até a alma!
- Calma... Depois que tudo passar, vamos sentir saudades... Você me falava calma e tranquila, com um sorriso no olhar!
E vinha apressada com uma xícara de chá, umas bolachas, na bandeja que equilibrava com mãos tão ágeis...
Sentava-se à minha frente, e nós olhávamos, fixos, olhos nos olhos, sorvíamos os goles fumegantes, como crianças a traquinar... A última bolacha, sendo doce, era sempre minha, sendo salgada, ficava invariavelmente pra lá...
Já faz um tempo que você não vem mais aqui...
Com as tuas palavras marotas, com malícias no olhar!
Foi-se aquele inverno, frio e úmido, vieram outros, e outros, eu sentado à janela balbucio ainda hoje para quebrar o silêncio da sala, - Está frio lá fora!, sem a tua resposta para arrematar...
E não é que sempre para mim, sempre está frio lá fora?
Pois a vida segue... - Tem pernas próprias à danada, que ninguém consegue parar!
Já faz um tempo que você não se senta à minha frente, falando comigo quase em tom de segredo... –Quem naquele tempo nos escutaria? Quem, agora me escutará?
A nossa casa era quente, sempre quente, mesmo sob uma atmosfera tão fria, sob as gotas d’água da chuva, que insistia em desabar...
Havia roupas que cheiravam lavandas... Que você me obrigava a usar... As meias que me incomodavam os passos, as blusas pesadas que me impediam os abraços, os abraços que eu insistia em lhe ofertar...
E, sobretudo, a cama em que nos deitávamos, pareciam a certo tempo fornalhas...
Eram as tuas pernas se enroscando com as minhas! Meu dorso procurando a maciez de seu colo, o emaranhado de fios de teus cabelos, que ora me tampava a visão dos olhos, ora me atrapalhavam o roubo de outro beijo!
E lá fora, o uivo do vento! Enquanto aqui dentro de nossa casa, no escurinho de nosso quarto, apenas gemidos deitavam-se com a gente...
Está frio lá fora e quieto esta noite... Parece que está imóvel o próprio tempo!
Mais uma das noites frias de agosto...
A janela, hoje, eu deixei meio aberta, algo me sufoca...
Preciso de ar em meu corpo inteiro...
Frio, cortando a minha face, meus olhos cheios de lágrimas, as mãos magras, de veias saltadas, em cujos dedos trago agora, tua foto, já bem amarelada, pelo tanto de meus beijos...
O tempo... O que fez de nós o tempo?
Tudo!
Nada!
Vêm aqui às vezes os filhos e os netos, os filhos com os netos, os netos sempre saltitando e mais nada...
Você?
Apenas nas lembranças a fazer-me companhia. Sorrindo na maioria das vezes, nas outras, poucas e esparsas, ralhando comigo por alguma bobagem, para mim passageira, para você, passível de pena máxima.
Você, somente você sabia ser o sol de inverno, lá fora no nosso quintal, aqui dentro nos cômodos de nossa casa, e em nosso quarto, nos mistérios...
Só você!
Meu sol de inverno, como se somente eu estivesse carente de sol, como se somente eu estivesse à mercê do frio, da chuva, daqui deste lugar do qual nunca sai...
Do qual, você sem aviso, foi-se embora!
Quando os ventos enfurecidos das noites frias irão levar-me até você?
Quando as águas das chuvas, geladas qual adagas a rasgar as minhas carnes, me levarem até onde tu se encontras agora?
Quando se apagará a luz de minha consciência para que somente brilhe a tua luz, o teu calor, meu amor?
Quero adormecer contigo novamente, para contigo amanhecer...
Você, que eu amei e ainda amo tanto...
Meu sol de inverno, que mesmo que passem todas as fases dos anos, nunca, nunca se apagará!
Súbito, uma lufada de ar mais forte escancara a porta da sala entreaberta...
E mais nada!
Agora:
Um pedaço de papel três por quatro jaz imóvel no canto da casa, sempre voltado para a janela!
32 - PARTE DA VIAGEM:
Tentar moldar a realidade de modo que ela seja a plasticina de quem nela assina fantasia, vai além do possível; mais do que viável, pode conduzir a descobertas! A pólvora? Coisas que rebentam, outras que implodem, de tudo um pouco ou muito.
Sem paciência para retomar os anteriores capítulos, hoje sou um menino. Vou brincar para o quintal, só volto quando me chamarem para o almoço. Poder pensar uma coisa destas é tão bom como vivê-la, voltar à infância.
Criados os mecanismos achados necessários, voltei novamente ao capítulo 1.
Já está... atualizei o título, assinei com um pseudónimo a correspondência. Este primeiro capítulo é nuclear, remete para uma ideia “primária” de classificação do autor, atribuir-lhe estilo literário. Calculei que pudesse dar algum alimento a uma discussão sobre a noção do estilo que o autor se atribui, ideia que não surtiu o efeito desejado?
A melhor definição de estilo que conheço, até sabia citar o autor da afirmação mas, só indo procurar em livros dos quais estou apartado de momento, é a seguinte: “O estilo é o homem”, marca de quem faz alguma coisa que seja identificável.
Jesus Cristo, o meu pseudónimo. Escolher o nome da pessoa mais debatida, escrutinada e nada, depois de tantos romances escritos sobre a pessoa tornada personagem e deus, cá estamos nós... a fazer mais um romance onde se procura o seu “alto patrocínio”?
As formas que encontramos para as coisas, os patrocinadores, os que pagam anúncios onde se pretendem promover como marcas, produtos, bens de consumo, são sempre interessantes com o que podem revelar. “Alto patrocínio” não tem nada relacionado com a altura, mas a altura pode ser o momento, também não tem nada a dizer nesse capítulo. Alto? Alto!
Lancei a bisca, ela pode ser cortada por um ás nos jogos de cartas. Aqui, a vasa está feita. Ao vazar a ideia, é como nas marés, basta esperar...
Haver um leitor que volte as folhas do livro ou mude de écran procurando voltar a ler o que lá está escrito, obriga-nos a opinar mentalmente sobre a classificação de barroco, atribuída ao estilo.
É uma abordagem com estilo, mesmo se discordarmos dela. A pergunta a fazer: conseguimos reconhecer o autor? E, se o tentássemos reconhecer, de que iríamos à procura?
Neste momento já tivemos ocasião de conhecer melhor o autor apresentado, quais as características presentes neste poema continuam a aparecer nos seguintes, qual o estilo do autor?
O “barroco” com um grande pendor para os formalismos na escrita, não seria o estilo mais representativo para ser um rótulo certo. O melhor é mesmo deixar o autor sem rótulos. Mas, não é possível conhecer um autor sem nele identificar um estilo! Pensem nisso.
O mais certo é o autor poder já ter pensado sobre o assunto, veremos se nos dirá algo ou viremos a encontrar elementos capazes de melhorar a nossa perceção. Isso sempre acontece através da repetição, um reencontro com determinadas particularidades, interesses, questões identitárias, a identidade [“autoral”] do autor.
Um fotógrafo que deu em colecionar imagens de cadáveres será uma má pessoa, uma pessoa triste ou um etnólogo a quem a morte dá a ver mais do que nós vemos quando olhamos?
O tempo passa a correr, quando para, já passou.
Falar da paragem do tempo, é importante, faz parte da viagem.
Mais uma variação sobre o tempo: esfuma-se em fumo, no fumo.
Desembrulhando as palavras, dentro delas, encontramos alfabetos.
Tudo se torna estranho quando não sabemos o seu significado.
DANÇA DE PAR(ES)
um verso baila como um casal
se forma parelha com outro (verso)
33 - CAR(T)A SÉRIA :)
Meu caro,
Hoje escrevo uma “carta séria”, tão leve e bem disposta quanto possível, como tudo que tento escrever. Ontem deixei uma mensagem que espero tomes por importante, fazeres uma compilação do conjunto dos teus e-mails. Desse modo concluímos a primeira parte da nossa correspondência, chegar à obra física: fazer um livro.
Eu acabarei a minha parte quando chegar aos 50 capítulos, metade dos 100 capítulos imaginados! Sendo que, em boa verdade, os capítulos não são mais do que aquilo que são: marcas a pontuar a leitura de um texto.
Para mim o livro estará feito aos 50, da tua parte, juntar 50 e-mails, a coisa mais fácil. Nada mais fácil que perceber e ler a organização do nosso livro, metade é meu, metade é teu. Como na minha metade “metade” é teu...
Aos 50 capítulos o livro estará feito, ficará sem os 100 capítulos que, numerológicamente, li nas estrelas...
“Numerológicamente”, sendo palavra esdrúxula não leva acento, eu ponho. É um erro ou é uma “convenção” de quem está convencido que errar pode estar certo com coisas que gostamos de fazer?
Deves ter dado conta que deixei de fazer qualquer correção a teus textos, duas ou três surgem no “Era uma vez...” da nossa correspondência e chega. Entre nós pode haver muita coisa, espaço vasto de relacionamento e conhecimento: amizade, não há mestre nem discípulo, mesmo se me dei por aquilo que passou a ser o que sou: professor.
A “minha parte” vai ser “Despassarada” um nome usada para uma amiga imaginária? O mais certo é os personagens serem a coisa mais real que existe num livro de ficção: o Carlos da Maia, nos “Maias” de Eça de Queirós. Encontras exemplos em qualquer obra de ficção, a nossa correspondência, por mais (ir)real que seja, não foge a esse destino.
Agora gostaria de completar este capítulo citando um poema, o que farei se com email teu vier algum poema.
Abraço amigo,
Jesus Cristo
«errar pode estar certo com coisas que gostamos de fazer», frase perigosa, boa para constar nesta “cara séria” feita a sorrir.
Quando criaram a “convenção” de que as palavras esdrúxulas não seriam acentuadas, o que estaria nas cogitações dos gramáticos? Querem que a palavra seja dita e lida numerológicamente, lendo em numerologicamente?
É como o sinal de Stop ser para parar mesmo no deserto! Não me convencem, ponham o sinal no... Haja coração e coragem para aturar as humanas convenções, quase nunca me convencem: devemos manter a cabeça baixa na presença do Rei, do Papa, da Avó dos poderosos. Vão fazer as regras que quiserem, em suas casas. Como para eles o mundo é o seu quintal, é tudo normal...
Acabo de escrever poesia, a partir de uma citação poética, de memória: “quando mentido o cherne não somos mais que engano e desespero”
POESIA DOS ENGANOS
o cherne circula no meu sangue
nesta poesia dos enganos
onde meu amor por ti
explora o vácuo
onde me perco cheio
no desespero de esperar por ti!
34 -
Rentabilizando o capítulo anterior, façamos o seguinte.
Falei com os anjos, veja anexo.
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Meu "caminho traçado" vai no capítulo 33, segue anexo.
Isto em resposta a isto:
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