COLETÂNEA “O SENTIMENTO VENCE O ISOLAMENTO” – Org.
Amanda Xavier
Nestes dias que correm, e já são muitos, fiquei
pensando na vida, e a despeito de tudo quis vivê-la mais intensamente...
E vi como o abraço, o olhar, a fala e a presença
deixaram patentes a sua real importância, pois em pleno período de quarentena,
devido a este corona vírus, estamos pressionados a vivermos entre as quatro
paredes de nosso lar...
Muitas foram as iniciativas para minimizar o
estresse de tal isolamento, onde apartados uns dos outros, e bombardeados por notícias
alarmantes, muitas vezes estranhamos a nós mesmos, posto que nunca ficamos
sozinhos conosco mesmo...
Pensei em Milan Kundera e seu “A insustentável
leveza do ser”, que é um livro clássico, de 1984, para dar mote, e rumo ao que
vai se explicitando aqui...livro citado está que:
“Quanto mais pesado
o fardo, mais próxima da terra está a nossa vida, e mais ela é real e
verdadeira. Por outro lado, a ausência total de fardo faz com que o ser humano
se torne mais leve do que o ar, com que ele voe, se distancie da terra, do ser
terrestre, faz com que ele se torne semi-real, que seus movimentos sejam tão
livres quanto insignificantes. Então, o que escolher? O peso ou a leveza?”
, e comecei a pensar...
Estamos em vias de publicação do
livro “O sentimento vence o isolamento” organizado por Amanda Xavier, pela
editora Delicatta, esta coletânea que já conta para mais de três dezenas de
autores brasileiros, entre poetas, poetizas e escritores, visa levar algum
alento para nossos leitores...
Senão, dar vazão aos nossos
sentimentos e pensamentos... E assim, através desta partilha vencer qualquer
grau de isolamento que a situação deste momento nos impõe...
E concordando com Milan Kundera,
quanto mais cientes do que nos ocorre no dia a dia de nossas vidas, nos faz
mais reais... E também a falta destas circunstâncias, nos afasta desta tal
humanidade...
Mas, para mim, existem momentos em
que estas duas nuances em nossas vidas, real e irreal, peso e leveza, como
aponta Milan Kundera, deixam de ser preponderantes... E mais, mesmo estando a
par das influencias delas, mas também estando apartadas delas também,
encontramo-nos com nossa humanidade, com aquilo que também nós faz real, mais
verdadeiros... Os nossos sentimentos!
Assim, explicitar o que sentimos, dar
vazão ao que pensamos, nos aproxima ainda mais um do outro, e penso que de
forma mais pungente...
Livres de certas amarras, que podem
se confundir com o peso da realidade podemos ascender á leveza de nossas almas,
que comungando entre si, vencem sim, qualquer isolamento, e almas são livres,
embora não sejam em nada insignificantes.
Assim, vir á lume este “O sentimento
vence o isolamento” é a meu entender um conectar, abraçar, comungar, entre
seres que nunca deveriam ter estado distantes uns dos outros.
Sinto que em cada peça literária
deste volume, encontrarei um pouco de mim, de minhas angustias e
questionamentos, e espero encontrar também lampejos de esperanças, amor,
cumplicidade, fraternidade e igualdade que em algum momento do meu período de
quarentena eu tenha esquecido...
Desejo encontrar também testemunhos
de criatividade literária, de renovação literária, certo de que estes elementos
estarão presentes nesta Antologia “O sentimento vence o isolamento” e assim a
um só tempo terei em mão o peso da obra impressa e a leveza de sentimentos e
pensamentos impares...
É por esta conjunção de fatores que
eu gosto tanto de Antologias, de Coletâneas, onde muitos, unidos celebram a
realização de um mesmo objetivo... E se existe uma coisa, real, grave, pesada,
que deixará as nossas almas e corações leves é a erradicação desta pandemia...
Por ora, desfrutemos deste “O
sentimento vence o isolamento” org. por Amanda Xavier, pela prensa hábil da
Editora Delicatta, de Luiza Moreira, não como um paliativo para as nossas
mazelas, senão físicas quanto psíquicas, mas sim, como um registro fiel e claro
do que nos aproxima e que nos apresenta como iguais: Os nossos sentimentos, que
se na forma podem ser diferentes, na essência são bem iguais!
Ao cabo destas linhas, ainda sob as
luzes de Milan Kundera, pensei naqueles que possam discordar, dizendo como ele:
“Mas o homem, porque não tem senão uma vida, não
tem nenhuma possibilidade de verificar a hipótese através de experimentos, de
maneira que não saberá nunca se errou ou acertou ao obedecer a um sentimento.”
E
honestamente prefiro escolher pelo que me toca ao coração, por isso escrevi
estas linhas, por isso participei desta Antologia...
Pois,
finalizando seguindo “A insustentável leveza do ser”:
“São precisamente as perguntas para as quais não
existem respostas que marcam os limites das possibilidades humanas e que traçam
as fronteiras da nossa existência.”
E
esta obra “O sentimento vence o isolamento” org. por Amanda Xavier é sem sombra
de dúvida um alargamento de limites para as nossas possibilidades tão humanas,
e que marcam definitivamente que as fronteiras de nossas existências não
findam, não terminam por aqui!
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Quando muito, estas fronteiras, ainda estão em suas primícias...
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