Que maravilha poder num dia como
hoje, que me vem à mente tantos escritores e escritoras, do Brasil e do mundo, falar
de poesia!
- Hoje é 13 de Outubro, dia Mundial
do Escritor.
E a poesia de hoje vem as minhas mãos
de longe, trazidas pelo afeto e carinho, respeito e apreço do poeta e escritor,
de uma obra ampla, volumosa, potente, deliciosamente urdida, pelo autor em foco
deste Re_Comendo_Livros tão especial, o amazonense Gaitano Antonaccio.
A escolha deste autor para esta
edição de Re_Comendo_Livros se dá pelo fato de que Gaitano Antonaccio é um
escritor múltiplo, transitando entre a poesia, a crônica, e outras manifestações
textuais, onde a palavra é espelho em que se reflete um estado de espírito, um
sentimento, um pensamento, e muitas vezes também a própria realidade onde está
inserido o individuo, que escreve, e aquele que lê... Antonaccio é a um só
tempo, observador e observado, posto que suas obras falam de si, e falam de
nós...
Mas a fala de Antonaccio, embora múltipla,
multifacetada, não é disforme e nem desconexa, antes, diante de sua clareza, de
sua objetividade, mesmo nos poemas a que tive o prazer de ler, mostra bem a
conexão do homem com o mundo que o cerca, do homem consigo mesmo, e através de
uma fala otimista, mostra caminhos pelos quais se pode chegar a um estado de
paz, de concretude, objetiva e duradoura.
Assim, para mim, Gaitano Antonaccio
cumpre bem o papel de escriba, neste período de tempo em que estamos todos
inseridos; posto que acentue em sua escrita, valores pelos quais se deve lutar,
e pelos quais se deveria viver... – Assumindo o seu direito de pensar, e de ser
ouvido!
Põe a mostra a face mais sórdida dos
tempos atuais, em que nos distanciamos cada vez mais uns dos outros, e nos
aquartelamos dentro de nós mesmos, numa solidão muitas vezes danosa para nós
mesmos, para nossa saúde psicologia e corporal, com ramificações perigosas para
o próprio tecido social em que estamos, para o bem e para o mal, todos
enredados!
Tenho em mãos quatro livros distintos
deste autor amazonense, mas tenho por foco o “Amores passageiros” de 2016,
editado pela Imprensa Oficial do Estado do Amazonas, por apresentar-se ainda
agora, oportunamente atual.
Neste “Amores passageiros” Gaitano
Antonaccio, já nos intróitos deixa registrado que as coisas do mundo, e no
mundo são transitórias e mudam constantemente, mas o que não deve passar ou
mudar são as coisas e os atributos que fazem com que sejamos mais do que coisas
no mundo ou do mundo, quais sejam; os sentimentos bons, os pensamentos claros,
que dão forma ao que se crê e se pensa humano...
O contato, o olho no olho, os gestos
de carinho e de amizade, que falorizem aos outros e que lhes transmitam o valor
que tem para nós...
E este identificar-se com o outro,
sem ter como contra partida uma identificação imediata, é do que o autor
parece-me ressentir-se... Falta-nos hoje um olhar mais fraterno para com os
outros?
Pela leitura deste “Amores
passageiros” parece-me que sim...
Porque o amor passa?
A noção de tempo que temos, é uma
abstração de nossos sentidos, que para além de aplicações praticas, indica
também o período de duração inerente em tudo e em todos... Assim, o amor que
devotamos, devotamos a coisas e as pessoas, e ambos tem um período de duração
por vezes pré-definidos... Outras vezes, imponderado!
Assim neste movimento vamos mudando
nossos afetos, dando nossos apreços ao que temos a mão, no tempo em que
permanecem ao alcance de nossos sentidos...
Cumpre aos escritores a perpetuação
destes afetos, pelos seus escritos, enquanto a sua obra perpetua a eles
enquanto figurarem nas memórias de seus leitores, ou numa valorização da
Cultura em que estão inseridos ou da qual se façam observadores e cronistas...
E Gaitano Antonaccio neste mister
estará sempre bem servido, posto que sua obra é vasta, e os seus apreciadores
são inúmeros, emanada do Amazonas, já é presença em grande parte do mundo...
Quanto ao quê é o amor, tendo em
vista o que se lê no livro “Amores passageiros”, uma ótima resposta está
contida, dentre outros poemas, em “Se estas distante...” onde amar é sentir a
presença do amado mesmo diante de sua ausência física...
Ou a completude vivenciada presente
no poema “Quando nos beijamos...”.
Quanto á possível transitoriedade do
amor, cito o poema “Outros abraços...” onde fica patente que esta mudança
quanto ao foco de a quem se ama, reside tão somente nas escolhas que fazemos...
Assim o amor é passageiro sempre que
estiver atrelado ás escolhas que fizermos...
Mas, com efeito, se o amor é escolha,
se o amor é dedicação, amor também é certeza do que se quer e do que deseja o
ser amado...
Assim, a transitoriedade do amor, se
deve ás inclinações para as quais as almas humanas se vergam...
E daí vem muito o lirismo dos poemas
deste poeta amazonense...
- São sempre uma busca pelo outro, e
pelo outro dentro dos próprios sentidos, muito além da duração de seus
abraços... E de se vencer os obstáculos que se intrometem, na conjugação plena
do verbo amar...
Por fim, o amor também passa ou
finda, se, como escrito no poema “Na tua
porta...” o amor não encontrar meios para se manifestar...
De resto, amores vem e vão como vem e
vai a própria vida, falta apenas que acertemos o foco de nossa visão...
Que olhemos os outros profundamente
nos olhos...
Que lhe estendamos as mãos!
Para meus olhos deitados nas páginas
deste “Amores passageiros...” de Gaitano Antonaccio, a imagem que fica é bem
esta... “Amores passageiros...” são aqueles que não marcam, pelos quais não
lutamos com unhas e dentes, aqueles que não aproximam a gente, que não fazem
com que nos entreguemos...
São os afetos deste tempo de hoje, em
que estamos entregues a coisas seculares, mutáveis, e não naquelas que calam
fundo em nossas almas, que a despeito de nossas lutas, trazem paz a nossas
almas...
Daí o meu engajamento a Gaitano Antonaccio,
enquanto leitor de suas obras, ele é poeta, é lírico, é romântico, mas também é
atual e moderno, escriba que mostra as nossas feridas e as nossas mazelas, mas
que também oferece um antídoto contra todas elas... O amor!
Um amor tão maiúsculo e tão
universal, que partindo dos espaços restritos de nossas alcovas, ganha outros
sentidos e outras formas, quando exposto a todas as gentes...
Daí a alegria em enfocar Gaitano Antonaccio
nesta edição de 13 de outubro, dia Mundial do Escritor, e sua obra “Amores
passageiros...”
Gaitano Antonaccio transforma o que
seria de tom privado em universal, e põe o ser humano como o centro do mundo, e
não as coisas que o cercam, que o aprisionam!
O que é uma marca dos grandes
escritores, Gaitano Antonaccio rasga o véu de Maia, que envolvem a todos,
lembrando a fala de Schopenhauer, e reinstala o que é fundamental neste estado
irreal em que vivemos a todos neste tempo de mundo.
Serviço:
Amores passageiros – Poesia
Gaitano Antonaccio
Imprensa Oficial do Estado do
Amazonas
Manaus – 2016
Sobre o autor:
Gaitano Antonaccio ocupa e ocupou
cargos relevantes na Administração pública e Autarquias no Brasil.
É membro, como efetivo,
correspondente ou convidado das seguintes instituições:
Instituto Brasileiro de Direito Tributário,
SP;
Academia Brasileira de Ciências
Contábeis;
Academia de história do Amazonas;
Sociedade de Antropologia da
Amazônia;
Academia de letras do Irajá,RJ;
Academia de Letras do estado do rio
de Janeiro;
Dentre outras.
É autor laureado com o troféu Carlos
Drummond de Andrade em Minas Gerais.
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