TECELÃ DE MEMÓRIAS - Janete Manacá






Em Setembro de 2019 Janete Manacá é convidada para participar do projeto "Procura-se", sob a direção geral de Eduardo Mahon, que produziu o cartaz abaixo sob os cuidados do designer gráfico Caio Ribeiro. 
A série "Procura-se" é um trabalho do Coletivo Coma A Fronteira, retratando diferentes artistas sendo procurados. 
A série com os escritores e escritoras foi feita em parceria com a Revista Literária Pixé.

Com a seguinte declaração de intenções:

" Estamos todos foragidos. 
O muro vai ser a página. 
A cidade vai ser o livro. 
Procura-se. 
Busca-se conhecer.
Quem somos nós?
Somos escritores e escritoras.
Fazemos literatura.
Queremos espaço.
Criamos fora o que é furtado de nós dentro de muitos lugares.
Viramos do avesso, expomos as entranhas."






Assim, aqueles que vivem das artes e pela arte, buscando espaços e reconhecimento, vão abrindo estradas e caminhos, muitas vezes a ferro e fogo, as custas de suas próprias vidas e mantidos por suas próprias economias. Este reconhecimento é mais um conhecer de suas artes do que alguma glória ou laurea.

Janete Manacá chegou ao meu conhecimento, enquanto poeta e escritora, pelo advento do projeto coordenado por Maria Vieira, "Dias de reclusão" onde através do engajamento de diversos escritores e escritoras, poetas, foi produzido um e-book cujo o valor de venda é revertido para projetos sociais tanto no Brasil, quanto em África.  

A partir deste primeiro contato fomos estreitando laços, e após algumas participações em conjunto, trago aos leitores um pouco da obra, um pouco da vida artística desta poeta, escritora, atriz lotada em Cuiabá.

Cumpre salientar que na leitura de suas obras, pode-se encontrar uma sensibilidade aguçada, voltada ao engrandecimento do panorama cultural brasileiro, valorizando sobretudo o ser humano, em geral, a mulher com devido destaque, e a natureza. 

Se em algum momento a acusação de ser sagrada lhe foi atribuída, ela o é, como o são todos os seres, incluindo-se toda a humanidade.

Se lhe é pertinente a acusação de ser profana, deve ser por causa da estranheza que a arte causa nas gentes, nas "comuns" não afeitas as artes em geral, por motivos tão variados, dentre os quais os económicos e os sociais, e sim a arte "profana" certezas enraizadas culturalmente no seio das gentes, quando trás novos olhares e novos caminhos para os sentidos de suas audiências... 

Este ato de quebra e de ruptura é assim um profanar o estabelecido, quando bem feito e bem organizado. Saliento que esta quebra de padrões, quando chega a ocorrer, não tem nada a ver com desrespeitosos atos quanto ao que é sabidamente sagrado e ou importante dentro do tecido social em que estamos inseridos...

Para mim as artes enquanto reflexo do que sentimos carece de ética, de moral, de muito bom censo enfim, ao mesmo tempo que estes são atributos esperados também em nossa audiência. 

Quanto a acusação de ser humana, absurda, incoerente, impossível de não ser, apenas faria sentido se fosse feita por pessoas cheias de ódio, rancores, desamores, instabilidades...

Ou que a audiência a quem chegaram os poemas, os escritos de Janete Manacá fosse composta por desvalidos em mais auto grau...

Mas, é ai que o trabalho empreendido por Janete Manacá é espetacular, pois ele sacraliza o ser humano e a natureza que o cerca e lhe dá suporte, sustentabilidade, de uma forma que sinto que um grande numero de pessoas em nossa sociedade não se permitem ou não querem acreditar.

É ai que a sacralização que Janete Manacá proclama em suas obras é a do ser humano, independente de sexo, idade, classe social, por sentir a todos como partes integrantes de um ambiente natural, com viés divino e com capacidades cognitivas transcendentes. 

Quanto a sua humanidade, patente que é a olhos vistos, é a mesma que a minha, que a sua que me lê, ou daqueles a quem meu escrito nunca lerá...

Assim, sinto que Janete Manacá cumpre a contento o papel de escriba de seu tempo, cronista de seu lugar.

Dentre os tomos recebidos, para o meu conhecimento destaquei como titulo desta breve apresentação da escritora Janete Manacá "Tecelã de memórias" por dois motivos; a leitura de suas páginas já vai avançada, e, atribuo a memória o papel crucial da perpetuação do conhecimento adquirido por nossa espécie humana, conhecimento este que em devido tempo deve, ou deveria reverter-se para o bem de nossas comunidades. Memórias são bases fundamentais da construção humana, para o engrandecimento , a meu ver, de nossas sociedades.

Memórias, são o que diferencia indivíduos, são o que os tornam únicos, e mesmo assim com tamanha diversidade, é o que os agrupam ou dividem... 

Para mim a Cultura de um país é um acolchoado de memórias... Faltando um de seus retalhos, limita-se em muito o alcance de seus benefícios para alguém.

Por fim, desejo que muitos leitores venham desejar travar conhecimento com a obra de Janete Manacá, posto que é única e invulgar...

Quanto a mim, por travar contato com a obra desta escritora cuiabana sinto-me agigantar os meus horizontes... 

Se em Setembro de 2019 Janete Manacá era procurada, eu a encontrei ainda agora, e por isso, declaro-me estar extasiado de (novos) infinitos...


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 Serviço:

Janete Manacá ( Janete Ferreira da Silva ) é poeta, escritora e atriz. Paranaense de nascimento e cuiabana de coração.

Atualmente é integrante do Coletivo Literário Maria Taquara - Mulherio das Letras / MT e Parágrafo Cerrado; bacharel em Serviço Social, Comunicação Social e Filosofia, com especialização em semiótica da cultura pela Universidade Federal de Mato Grosso ( UFMT ).

Autora dos livros:

Deusas Aladas, A Última Valsa, Quando a Vida Renasce do Caos, Sinfonias do Entardecer, Extasiada de Infinitos,Tecelã de Memórias, Valentina, a menina que brincava com o vento e a participação na Coletânea Sete Feminino de Luas e Marés com 30 mulheres brasileiras.

Contato:

janete.salazen@gmail.com


Próximo lançamento:


Dia 11/12/2020 às 19h via Live pelo Facebook - Casa das Pretas MT


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Edvaldo Rosa declama o poema "Se os deuses falassem" do livro Outono além da janela.


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