MULHER À FLOR DA PELE - Sílvia Grijó

 MULHER À FLOR DA PELE - Sílvia Grijó 

O que eu sei da vida, o que eu sei do mundo, a não ser da vida que vibra em mim, e dos cenários em que estou inserido?

-Quando o horizonte de meus olhos é apenas concreto, cinza, e os outros são expectativas com diferentes margens de acertos e erros!

O que eu sei sobre o feminino, senão a partir das mulheres que constituem a minha vida?

-Quando de tão próximas, passam a sensação de serem tudo, por vezes sem mistérios afeitos à contemplação!

Assim, procuro diariamente pontos de contatos, pontes mesmo que me levem a outros hemisférios…

Assim, deito olhos arregalados sobre livros, de escritores(as) de perto, de escritores(as) de longe, de escritores(as) de outros continentes…

Procuro em suas letras as marcas de seus passos, nos espaços em que se desenrolam as suas histórias…

Creio, que suas vivências, reais e concretas, estão entre as linhas e as letras de suas prosas, de seus poemas, de seus contos e suas crônicas…

E assim, vou treinando os sentidos dos olhos, para que escutem, e as minhas orelhas que enxerguem os outros sem estranhamentos, com vivaz curiosidade!

Em mãos, eu tenho o livro de Silvia Grijó, “Mulher à flor da pele”, editado em Manaus pela Editora Palavra da Terra, no ano de 2017.

Um livro bonito, bem talhado, que já em suas primícias traz um prefácio rico, virtuoso e muito afortunado, assinado por Almir Diniz, Jornalista, Escritor e Poeta!

Já Paulo Queiroz, Escritor e Poeta Amazonense, nas orelhas deste volume, adensa ainda mais a vontade de ler os poemas inseridos neste tomo de Silvia Grijó!

-Pelo que insere a poesia e a poetisa na vida de todos nós, e que apenas juntos, em estado de encantamento poderemos mudar o que possa ser mudado, ao mesmo tempo que somente unidos poderemos descortinar novos sentidos dentro de nós...  

No prefácio de Almir Diniz fica claro, que em seu devido tempo, Silvia Grijó teve contato com as nove musas do Consórcio de Zeus, o que eleva a arte literária para o nível do mistério, do transcendente, do divino.

-Afinal, inspiração é algo inato de quem escreve, ou é um sopro que vem de algum lugar imaterial do espaço, ou antes, existe na essência de tudo que há!

Das informações recebidas neste prefácio, salta aos olhos que Sílvia Grijó desde cedo acompanhando seus pais Pedro e Nila, em frágeis embarcações devaneava, como que sonhando acordada, sentindo o desejo de descrever as cenas que iam passando diante de seus olhos enquanto se locomovia pela malha líquida do seu município do Rio Solimões!

O que me faz pensar com meus botões; um poeta já nasce poeta, ou a poesia é algo que se adquire com o passar dos dias da vida que passa?

Prefiro pensar que todos os seres humanos podem chegar a um estado de poesia, através da limpidez em suas retinas, da pureza em seus cristalinos, mas sobretudo através da disposição de seus espíritos, em apreender o que lhes encanta, o que lhes questiona, o que lhes direciona em uma direção melhor…

-Mas, como chegar a estes espíritos livres e perspicazes, se o homem teima em ser o algoz do homem?

Eu que não pretendo, e nem posso, ter certeza de nada, espero poder colher durante o processo de minha caminhada, mais sentidos, que alimente a chama da vida, que vibra dentro de mim... E assim, lhe dê sentido! 

-Afinal, dentro de nós não está dormente uma semente de Deus?

Assim, o contato com este “Mulher à flor da pele” de Sílvia Grijó, foi um instante de alegria e júbilo…

O transitar pelas 176 páginas deste livro, levará o leitor a encontros e descobertas, encantamentos…

O poema que dá título ao livro, “Mulher à flor da pele”, na página 85, me encanta por demais, por valorizar o que se é, e valorizar as origens de onde se vem…

-Num país possivelmente sem memória, e em que alguma parcela dos que o compõe, tenta jogar para debaixo do tapete a própria história, com seus acertos e seus enganos, é um belo alerta!

Numa amável dedicatória Silvia Grijó me escreve:  

(...) que meus versos não te façam ao avesso (...)

De minha parte eu destaco:

Teus versos Sílvia Grijó, me fizeram outro!