Sobre o sublime e o pecado em “ Poemas escritos com batom”.
"Cuidado se você não sofre tentações, é porque o demônio é seu amigo"
João Maria Vianney
A leitura deste volume “Poemas escritos com batom" da poetisa Dorothy de Castro, veio antecedida de uma sensação de estranhamento, por mim percebida, em uma audiência preliminar… O que este belo livro editado pela Futurama Editora poderia conter em suas páginas que despertasse em algum leitor desavisado certo pudor e ou estranhamento?
E se o leitor tivesse conhecimento do que nele foi escrito, teria por se estranhar?
Já em suas páginas iniciais a prefaciadora Mirian Wartutusch, conhecida compositora e escritora acadêmica, alimenta a crença, ou o mito, de que os poemas, e por extensão todos os textos, são vividas experiências de seus autores…
Assim, Dorothy de Castro teria vivido o que o seu eu lírico narra em suas poesias?
Para quem escreve, creio eu, pela minha experiência, o que se vive e o que se sente, apresenta-se de alguma forma no que se escreve, embora não tenha obrigação de apresentar-se fielmente, literalmente na escrita.
A poesia não é antes de tudo uma escrita “codificada” em que o que se deseja expressar vai envolto em muitos véus, que a cada instante da leitura vai deitando-se por terra?
Não é verdade que por intermédio de figuras de linguagem, vai assim sendo tecida a trama poética, num entrelace de realidade, ficção, sentimentos e desejos?
Na contemporaneidade a arte poética está mais solta, liberta de academicismo, regras, fórmulas e formas pré estabelecidas de apresentação o que talvez facilite a leitura de poesias ao passo que a diferencia de poetas clássicos e intemporais.
Quanto ao livro “Poemas escritos com batom” de Dorothy de Castro, agradou-me a leitura, pela clareza e fluidez na escrita, com temas bem delineados, e que a mim apresentaram encantamentos e magias!
O encantamento veio no decorrer da leitura, onde a autora fez apresentarem-se muitas manifestações de amor!
A magia veio pela forma de expressar este desejo e necessidade de amar!
Chamou-me a atenção a força presente na voz poética de Dorothy de Castro.
E é esta força que trouxe à minha mente as palavras de João Maria Vianney colocado como epígrafe nas primícias deste comentário… Epígrafe esta, que visa chamar a atenção para o fato de que muitas vezes condenamos nos outros o que sentimos como falta em nós mesmos...
Uma força consciente de si mesma, e de sua apresentação enquanto ser que é, diante de todos, em uma sociedade que martiriza, penaliza as mulheres, com um cem números de pesares, dores e sofrimentos.
Assim o pecado deste “Poemas escritos com batom” de Dorothy de Castro, se é que amar é pecado, é o de declarar a quem queira ouvir, o desejo pleno de ser, de sentir, de pensar, de existir, num exercício legítimo de liberdade, o que para mim acentua também um tom sublime.
Por outro lado, se as poesias deste “Poemas escritos com batom” de Dorothy de Castro não tiverem relação íntima e direta com a poetisa, ou com as mulheres em geral, perde-se um espaço de fala e de manifestação, de emancipação de direitos e de desejos!
E se o que se lê nas 201 páginas deste livro, não passar de pura poesia, só poesia, declaro que sinto que muitas mulheres gostariam de lê-lo, e que a maioria dos homens deveriam lê-lo!
E porque?
Retornando às palavras de João Maria Vianney:
As pessoas mais tentadas são aquelas que renunciam a todas as coisas que a maioria das pessoas buscam ansiosamente.
E quem não deseja um amor, e quem não deseja ser amado?
Quanto às formas de manifestação de amor, presente em abundância nesta obra, considero serem naturalmente e simplesmente humanas...
Afinal o amor idealizado, apenas desejo, antecipado, é coisa das artes!
O amor realizado, necessita do toque, do aprochego, do abraço… O que para mim são manifestações concretas do sentimento de amar!
Por falar em intenções, sublinho o assentamento de Mirian Warttusch em seu prefácio:
Dorothy de Castro “quer mexer com o coração de homens e mulheres, deixando no ar a salutar ideia de que pecar não é pecado”.
Quanto a mim, com estes comentários e citações, desejo apenas salientar o sublime, o sagrado, presentes em cada ser humano, presença esta que carecemos enaltecer no feminino, e que devemos fomentar no masculino do ser humano!
Como a tônica desta obra “Poesias Escrito com batom” de Dorothy de Castro é o amor, é o estar com o outro, tomemos partido de uma de suas poesias:
Conquista
Agora mandas nestes
Versos meus…
São teus somente teus
Os meus poemas…
Tu és a trama, a forma
Tu és amor, os temas…
Estou amando dentro
e fora dessa norma…
a palavra que tenho
agora é como a flor…
E meus braços se
Alongam
Buscando teu amor…
E recita amores
Tão rico tão afins…
E canta as canções
E finges que é pra mim…
O que reafirma, uma vez mais que “Poesias escrito com batom” de Dorothy de Castro, é livro de poemas, escrito para homens e mulheres, como acredito ser direcionado para vocês meus leitores, como em particular o fora para mim.
Em tempo, pessoalmente quantas vezes eu gritei:
Ne me quitte pas…
(...) se me deixas…
Todos os motivos,
Todos os seres vivos,
deixam-me também…(...)
Serviço:
Poesias escrito com batom,
Dorothy de castro,
1° Ed. - São Paulo: Futurama Editora, 2013
Contato:
Dorothy de Castro
dorocapri@hotmail.com
Agradeço sinceramente as palavras elogiosas espero fazer jus a todas elas. Um abraço meu amigo.
ResponderExcluirDorothy de Castro