SINFONIAS DO ENTARDECER - Janete Manacá


 

SINFONIAS DO ENTARDECER – Janete Manacá

A poetisa de Cuiabá - Mato Grosso, Janete Manacá escreve em “Sinfonias do entardecer”:

(...) “O agora escorre pelos dedos
O ontem já se faz eternidade
E todos os sonhos têm pressa” (...)

Como é bom, em momentos de profundo recolhimento, ter em mãos um livro como este de Janete Manacá, todo encanto e pura poesia...  De uma poesia que vestida de palavras, escolhidas a dedo, ou ao acaso da necessidade poética, são antes alentos e caricias, atos de amor puro e singelo, pelo outro e pela vida...
E como marco nós temos o tempo, aquele tempo ficcional com que marcamos momentos vividos, e aquele tempo intimo em que tudo alcança um estado de plena eternidade... 
A memória não é intemporal, como são os sentimentos?
E como tudo é movimento, tudo é mudança, este livro de Janete Manacá, “Sentimentos do entardecer”, é fluido e talvez o único momento estático que apresente, é aquele em que o eu lírico, sob a pena desta poeta, percebe a si mesmo, aos outros, e as relações transversais que englobam tudo; seres e coisas... Mas mesmo assim, esta aparente imobilidade é apenas superficial, posto que a leitura deste livro pode provocar e instigar profundamente!
E Janete Manacá prossegue:

(...) “Como vencer os ponteiros do relógio
Que furiosos seguem irracionais
Sem saberem aonde chegar” (...)

Eu me questiono:
 - Não podemos deixar de ser quem somos, antes, não podemos deixar de ser tudo o que nos constitui, não podemos nos furtar às mudanças, e é na dança das horas que descobrimos quem somos, um pouco de cada vez, um pouco mais a cada passo, senão através da arte, sobretudo através da poesia?
E este “Sinfonias do entardecer” de Janete Manacá, editado em Cuiabá, em 2019, pela Defanti Editora, tem o condão de levar os seus leitores para além de si mesmos, embora me pareça também se caracterizar por um possível paradoxo, muito conhecido por enigma do “Barco deTeseu”, onde, se somos construídos num dado momento e reconstruídos com o decorrer do tempo, seremos sempre os mesmos?
A poetisa escreve:

(...) “Mal o sol surgiu e já partiu
Uma sensação de impotência me invade
Lânguida, me deito sobre os brancos lençóis
Há em tudo uma velocidade imensurável
Um desespero urgente e sem destino
Nessa trilha infinita chamada estrada” (...)

Se há um possível rancor quanto à transitoriedade das coisas, também existe uma força que impulsiona, que anima...
Força esta que se apresenta nos versos finais do poema “Sinfonias do entardecer” que dá nome ao livro enfocado neste Re_Comendo Livros de hoje:

(...) “Mas há em mim um coração sofrido e resistente
Que na maturidade se abastece de pôr do sol
Para celebrar com amor as sinfonias do entardecer” .

Que denota sem sombra de dúvida, que viver é uma relação do ser consigo mesmo, por principio, e com os outros por extensão.
Mas o escopo presente nesta obra de Janete Manacá, “Sinfonias do entardecer” é muito mais abrangente do que estas linhas venha a apresentar...
Cabe a cada leitor encontrar-se, como a poeta Janete Manacá se apresenta, ou se faz representar...
A cada descoberta, um novo instante se apresenta, uma nova oportunidade de um encontro conosco mesmo, ou para os afortunados, um reencontro consigo mesmos, afinal quantas segundas oportunidades teremos?
Quanto aos livros, quanto a poetisa Janete Manacá, quanto aos poemas, não seriam máscaras com a qual nos escondemos?
Não seriam o despir das máscaras, ato pelo qual nos reencontramos?
Quanto a mim, sobre o meu verdadeiro rosto, sobre onde foi que eu o deixei, faço uso de livros como este “Sinfonias do entardecer” de Janete Manacá, um livro espelho!
Só que ,pela maestria de escritora, Janete Manacá, na sua lide com as letras, forma uma superfície tão polida, que eu até me assusto, se não tomado de surpresa, após a leitura de suas páginas, uma a uma, sem pressa, ao ver-me assim... Tão lindo, tão vivo, tão assim!
Ouvindo as sinfonias do entardecer que emanam de dentro de mim...
- Pois, ninguém pode viver, existir sem conhecer a sua própria luz!

Sobre a autora:

Janete Manacá é atriz, escritora e poetisa, autora dos livros:
Deusas Aladas,
A última Valsa,
Quando a vida renasce do caos, dentre outros.
Participou da Coletânea Sete Feminino de Luas e Marés com 30 mulheres brasileiras.
Autora da coluna mensal “Olhares sobre a cidade” da Revista Centro Oeste de 2016 a 2017.
Autora dos projetos:
Sala Zen, Bate-Papo Zen, Tempo de Amar e Parto Poético, na Gerência Executiva do INSS em Cuiabá-MT de 2005 a 2011.
É integrante do Coletivo Literário Maria Taquara – Mulherio das Letras/MT e Parágrafo Cerrado.
É Bacharel em serviço Social, Comunicação Social e Filosofia, com especialização em Semiótica da Cultura pela Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT.

Contato:

E-mail:

Janete Manacá
Janete.salazen@gmail.com   


Sobre o livro:

Manacá, Janete.
Sinfonias do entardecer./ Janete Manacá, 1° edição.
Cuiabá-MT: Defanti Grafica e Editora, 2019

ISBN: 978-85-5553-019-7

Capa e ilustrações:

Elis Souza Rockenbach
Aquarela sobre papel canson
Acervos de Janete Manacá
 




Comentários

  1. Que delícia de escrita, Poeta Edvaldo Rosa. É um imenso prazer ser parte do seu indispensável Projeto RE_COMENDO_LIVROS. Em dias de incertezas, como estes que estamos vivendo, ter acesso a esse projeto tão amoroso é realmente uma dádiva. Ultimamente estou na produção de vários livros e pouco tempo me sobra para as redes sociais. Te agradeço de coração pela carinhosa divulgação. Desejo muito sucesso na sua trajetória poética. Abraços. Janete Manacá

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