PAULICEIA - MEU VELHO CENTRO - Heródoto Barbeiro


 

PAULICEIA – MEU VELHO CENTRO – Heródoto Barbeiro


Sai ainda a pouco das histórias do coração de São Paulo, contadas por Heródoto Barbeiro, lançadas pela Boitempo Editorial, em 2009, intitulada ”PAULICEIA – MEU VELHO CENTRO“ com os meus sentidos ainda mais embebidos de amor e carinho pela terra da garoa, e com as minhas próprias impressões sobre ela a flor da pele!

Um hiato temporal de alguns anos, pois nasci em 1961, enquanto o autor em 1946, e um espaço geográfico diferente, pois sou nascido na região sul de São Paulo, mais precisamente em Interlagos, nos separam e nos individualizam.

Enquanto o Centro Velho era o palco onde se desenrola a infância do autor, e berço de seu amor pela cidade, para mim em minha infância se constituiu em espaço de minhas incursões esporádicas...

Mas, no decorrer das páginas desta obra, aparece um Heródoto que em muito se assemelha a um Edvaldo, enquanto criança, e posteriormente adolescente, em suas primeiras atividades laborais...

Também fui office-boy, também cruzei São Paulo de um lado a outro... Também fui um mensageiro capturado pelos encantos escondidos na grande metrópole paulista!

Cheguei a esta obra através de um comentário familiar, meu padrinho e avô Nedino Alves Martins trabalhou, em sua chegada em São Paulo, no Parque Shangai!

Assim, como foi bom ler o relato referente ao Parque Shangai constante nas páginas 66 a 69 deste livro, principalmente após a licença “poética” e ou imaginativa de minha lavra, em que o funcionário do Parque Shangai, que proporcionou a Heródoto que entrasse no parque, e desfrutasse de suas atenções, teria sido o meu avô!

Como bem assinala Danilo Santos de Miranda, “O Centro da Cidade de São Paulo, o velho Centro, com suas toneladas de concreto e ferro, asfalto, rodas e fios elétricos, faz parte da memória brasileira. Uma memória que está menos nas sinapses das lembranças, no sistema nervoso, do que no afeto de muitos de nós”, o que é o meu caso...

São Paulo é o berço de minhas histórias, base de minhas experiências, repositório de minhas raízes, e por agora, base para que minhas esperanças alcem voo!

Foi aqui, é aqui, que me encantei pela palavra, em muito presente em minha vida, enquanto escritor e poeta... Enquanto cronista de meus instantes de vida paulistana!

Foram momentos vividos na Biblioteca Mario de Andrade, e outros na Biblioteca Monteiro Lobato, dentre outros, que cimentaram o meu apreço pela palavra, e a minha crescente valorização pela memória! 

E nesta obra de Heródoto Barbeiro, muito bem assinalado por Danilo Santos de Miranda, existem, coexistem 

(... )“Camadas e camadas de novas fases que anunciam o “progresso” conseguiram encobrir um pouco o passado, mas não tiveram êxito – ainda – em destruir os sentimentos. ( ... )  

Assim, este Re_Comendo Livros é puro sentimento! 

Sentimento de gratidão á São Paulo, por acolher meus avôs, e mediante o esforço deles, propiciar que suas sementes viessem dar em flores e frutos!

Sentimento de alegria, por sentir São Paulo como uma terra de oportunidades, e de tristeza, por sentir que São Paulo não ser uma seara de abundância para todos...

A ponto de alguns alardearem em auto e bom som de que “Não existe amor em SP”!

Seja como for, não caberá a cada um, no âmbito de suas forças, fazer o melhor para si e para os outros em qualquer cidade do mundo?

E não caberá a todos lutar pela preservação de sua História, enquanto pessoa e enquanto povo, para que não vivamos aleijados de significado e o espaço em que vivemos sem significação?

Ao ler as histórias, os relatos presentes neste “PAULICEIA – MEU VELHO CENTRO” de Heródoto Barbeiro tive a sensação de pertencimento, e de que não sou uma vida lançada no mundo, e uma alma lançada no espaço, sem um ponto de partida, e merecedor de uma dentre várias possíveis direções...

Ao ver as fotos ilustrativas desta obra, pude ter uma noção de paisagens, de lugares, em que a cena  de vida de Heródoto Babeiro se manifesta, espaço cênico de tantos outros, como os meus avôs...

E em adentrar em vivências que não foram minhas, em espaços em que não pisei, pude reafirmar o valor da palavra, da escrita... Heródoto Barbeiro aqui nesta obra,“PAULICEIA – MEU VELHO CENTRO” conta uma bela história!

E no âmbito de minha existência, Heródoto Barbeiro acentua notas de minha própria vida!


Edvaldo Rosa

Poeta e Escritor 


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