Rubens Jardim - Bibliografia - Tributo









Este Bibliografia, pede licença para homenagear o Poeta Rubens Jardim que nos deixou, através de uma pequena apresentação trazida pelo Poeta, Ativista Cultural, Carlos Galdino que juntamente com o Coletivo de Poetas do Jabaquara, nas dependências do Céu Caminho do Mar, Jabaquara - SP que é também coordenado por José Soares, fará no próximo dia 25 de Maio um Sarau em homenagem à Rubens Jardim. 

O texto enviado por Carlos Galdino estrainddo do Jornal Folha de São Paulo é:

Rubens Jardim, poeta e jornalista, levava ao povo a magia da poesia.

Rubens Jardim era um agitador cultural, promovendo saraus e organizando antologias.

Na manhã de segunda-feira (13) o poeta e jornalista Rubens Jardim fez valer um de seus próprios poemas:

"Morrer de manhã

é quase colher

a luz do amanhã."

Rubens integrou o movimento Catequese Poética, criado pelo poeta catarinense Lindolf Bell em 1964. Em plena ditadura militar, o grupo realizava apresentações públicas com o intuito de "levar a poesia ao povo", num gesto de resistência artística ao regime. Esse misto de recital e performance tirava a poesia dos livros para levá-la à praça pública e democrática, onde pudesse sensibilizar as pessoas e transformar a sociedade.

Nas palavras do próprio Rubens, a poesia precisa "recuperar o conteúdo mágico de cada palavra e de cada gesto humano para oferecê-los de novo a todos os homens da Terra".

Em 1973, promoveu o Ano Jorge de Lima, em comemoração aos 80 anos do nascimento do poeta alagoano. A obra correlata ("Jorge de Lima, 80 Anos") é um valioso compêndio de poemas, recortes de jornal e depoimentos que ajudou a reposicionar a obra do escritor na literatura brasileira.

Rubens publicou diversos livros e participou de inúmeras antologias. Suas publicações, como "Ultimatum" (1966), "Espelho Riscado" (1978) e "Cantares da Paixão" (2008), tinham projeto gráfico feitos por ele, fortemente influenciado pela poesia concreta. Seja no aspecto visual ou performático, o importante era libertar a poesia do mero registro impresso, retomando uma tradição que remonta aos primórdios do gênero.

Tinha clara a diferença entre poesia ("necessidade atávica e concreta, presente em tudo") e poema ("o lugar natural e específico da poesia"). Nas palavras de Affonso Romano de Sant’Anna, "Rubens Jardim solucionou, ao seu modo e de maneira criativa uma série de impasses vividos pela poesia nas últimas décadas".

Com o mesmo ardor que escrevia, lia Rilke, Manuel Bandeira, João Cabral, Nietzsche e Guimarães Rosa. Trocou correspondência com Drummond que, diante da obra de Rubens, definiu com precisão o ofício que os unia: "A poesia é exatamente o projeto de solução que encontramos para os desencontros e absurdos do mundo".

Rubão (como muitos o chamavam) tinha um gosto musical autêntico, enxergando na música a mesma dimensão dionisíaca que encontrava na poesia. Ouvia em alto volume Wagner, Rachmaninoff, Johnny Rivers, Míkis Theodorákis, Pena Branca e Xavantinho, Horacio Guarany, Pablo Milanés e, para a tortura de seus familiares, Eros Ramazzotti.

Da mesma forma, foi amante da boemia. Nos anos 1970 e 1980, quando trabalhava como artista gráfico no Diário Popular, Gazeta da Lapa, Editora Abril e Gazeta Mercantil, era visto pela madrugada no Franciscano, no Gigetto e no Pirandello, lugares de uma época em que as redações de jornal se estendiam para os bares e restaurantes do centro da cidade.

Nos últimos anos, atuou como agitador cultural, promovendo saraus e organizando antologias. Fiel à missão de levar a poesia a todos os lugares, militava nas mídias sociais divulgando o trabalho de outros autores para o conhecimento das novas gerações. A obra "As Mulheres Poetas na Literatura Brasileira", publicada em 2022, reúne em três volumes mais de 430 autoras de todo país.

Admirador da Revolução Cubana, via no capitalismo a origem dos males do mundo, causador da injustiça social e inimigo da fraternidade humana. À brutalidade da vida, respondia com palavras e gestos de amor genuíno, incondicional e gratuito. Desconhecia a maldade e desprezava o valor material das coisas.

Rubens deixa a esposa Ana, companheira de mais de 40 anos. Deixa também os filhos Thiago e Christiano, enteados e uma legião de admiradores. 

Deixa sobretudo vida e obra igualmente poéticas:


"Este poema não diz nada

Da mesma forma

Que a história não diz tudo.

Língua cortada

Este poema não fala:

-falha.

E insiste:

-dedo em riste."

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