O Poeta que me inspirou - Antologia Org. Roberto Ferrari coautor Edvaldo Rosa

Este Bibliografia vem divulgar a Antologia O Poeta que me inspirou, organizada por Roberto Ferrari, poeta, escritor, antologista de Cotia - São Paulo.

Dentre as obras deste volume destaco a minha postagem sobre Castro Alves, o Poeta que me inspirou!

Castro Alves e eu...

Conheço Castro Alves desde tenra idade, através de suas obras que envolveram-me em encantamentos e sonhos...
-Naveguei em Espumas Frutuantes!
O Poeta dos Escravos, nascido na época do segundo reinado, sob o comando de Dom Pedro II, trouxe aos meus sentidos a dimensão social do viver.
O Gondoleiro do Amor, a dimensão mais sensível e intima para sentir-se vivo...
Homem antenado com o seu tempo, Cecéu também reflete em sua obra as artimanhas do amor e as armadilhas do amar!
Envolvido por circunstâncias do modo de viver de sua época, Castro Alves veio a encantar-se com meros 24 anos...
E sua vida esteve entrelaçada com tragédias, assim conheci um poeta e uma poesia potente e profundamente humana...
Em minha juventude, alheio aos fatos históricos da decada de 60, embebido pela poética deste vate da 3° geração de poetas e poetisas românticos brasileiros, diante de minhas batalhas pessoais quanto não  recitei:

(...)"Oh! Eu quero beber perfumes,
Na flor silvestre que embalsama os ares;
Ver minh'alma adejar pelo infinito
Qual branca vela
N'amplidão dos mares"(...)

No devido tempo de minha existência também encontrei a minha Eugênia Camara, amor e amar que também em meu caso em particular, as artimanhas do tempo defez...
Diante das batalhas no meu cotidiano, ainda trago comigo, profundamente internalizados os versos de O navio negreiro:

(...) "Que sonho dantesco o tombadilho,
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar"(...)

E pondero que, ainda somos escravos, o navio é outro, como é outro o tombadilho em que se desenrola o nosso viver, mas que liberdade é esta a que estamos sujeitos ou a que nos sujeitamos?
Fora o lapso temporal que nos divide, Castro Alves e eu, estamos irmanados pelos sonhos e pelos pesadelos presentes em nosso viver...
Mas, a poesia nos salva, retirando-nos através de nossas sensibilidades do lugar comum, da mesmice dos dias que tendem a tornar a todos muito iguais...
-Somos mais que meros sobreviventes!
Enquanto eu, ainda à procura da poesia, sou seu leitor e fã!
Por não ter dado nenhum tiro fatídico em meu próprio pé, é verdade que houve um quase, nem ter sido vitimado pelo mal do século como Castro Alves, resisto...
Vou com minhas letras onde o povo está!
Com as facilidades do primeiro quarto do século 21, tenho trabalhos publicados no Brasil inteiro e outros países...
Também privo do contato com escritores e escritoras de meu tempo...
Tempo que colocará algum deles na mesma pleiade de Castro Alves e seus contemporâneos...
Tempo que é o responsável, e sempre será, pela permanência de meu sentir, presentes em minhas linhas...
Quanto a Castro Alves, é também o meu Cecéu, com quem sorri e chorei em  muitos solilóquios!
Eu sou um instante,ele Castro Alves é  atemporal...
-Como o é, a luta do ser humano, e a poesia que resiste a despeito do que lhe quer esmaecer...
Em tempo; vivo um amor, que dura já a muito e bom tempo, também (re) conhecido na festa do viver...
Meu coração e minha alma tem o seu próprio Laço de fita, para chamar de lar, onde numa alcova quente e íntima sempre deseja:

(...)
Mas ai! findo o baile, despindo os adornos
N′alcova onde a vela ciosa… crepita,
Talvez da cadêa libertes as tranças,
Mas eu… fico preso
No laço de fita.(...)

Com Castro Alves entendi que nada finda!
Tudo volta ao início, quando aparentemente termina, vou tecendo minhas linhas, relendo as do poeta baiano, pois;

(...)
Meus amigos! Notai... bem como um pássaro
O coração do morto volta ao ninho!(...)

Assim como Castro Alves eu desejo que estas linhas resistam ao crivo do tempo e:

(...) Vai, pois, meu livro/minha crônica
E como louro agreste,
Traz-me no bico um ramo de... cipreste!(...)

Mas, até lá, a cada leitor e cada leitura de minhas linhas será prova cabal que existi!